O olfato humano é tão bom quanto o dos cães

Jlantzy (Jamie Lantzy) / Wikimedia

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O olfato humano é tradicionalmente considerado muito inferior ao da maioria dos animais, uma ideia que um neurocientista de uma universidade dos Estados Unidos classifica como “mito”.

John McGann, professor associado no departamento de Psicologia da Escola de Artes e Ciências da Universidade Rutgers considera, em um artigo que será publicado na revista Science, que “o sentido do olfato dos humanos é tão bom quanto o de outros mamíferos, como cães e roedores”, considerados alguns dos animais com melhor olfato.

O neurocientista estuda o sistema olfativo há 14 anos e examinou as pesquisas existentes nesta área, incluindo dados históricos que “criaram a ideia errada” de que o sentido olfativo dos humanos seria inferior devido ao tamanho do bolbo olfativo (sede das impressões olfativas no cérebro).

Segundo John McGann, a verdade sobre o cheiro é que “o bolbo olfativo humano, que envia sinais para outras áreas do cérebropara ajudar a identificar odores, é muito grande e semelhante em número de neurônios ao de outros mamíferos“.

Os neurônios receptores do olfato trabalham no nariz, fazendo um contato físico com as moléculas que compõe o odor, enviando de volta a informação para essa região do cérebro.

Os humanos podem detectar talvez um bilhão de odores diferentes, no entanto “a sabedoria popular e os livros de psicologia introdutória” insistem na ideia de que os humanos só identificam 10 mil odores diferentes, considera o pesquisador.

“Tornou-se uma crença cultural enraizada a ideia de que como seres racionais não podemos ser dominados por um sentido como o olfato. O olfato ficou ligado a tendências animalescas”, refere o neurocientista.

O nosso sentido do olfato desempenha um papel importante e às vezes inconsciente em como percebemos e interagimos com os outros, selecionamos um parceiro e nos ajuda a decidir o que gostamos de comer. Quando se trata de lidar com experiências traumáticas, o cheiro pode ativar um distúrbio de estresse pós-traumático.

Nós podemos detectar e diferenciar uma gama extraordinária de odores, somos mais sensíveis do que roedores e cães para alguns odores, somos capazes de seguir o rastro dos odores e nossos estados comportamentais e afetivos são influenciados pelo nosso olfato”, disse John McGann.

“Os cães podem ser melhores do que humanos a diferenciar as urinas em uma boca-de-incêndio e os seres humanos podem ser melhores do que os cães a discriminar os odores de um bom vinho, mas são poucas as comparações que têm suporte experimental real”, acrescentou.

John McGann lembra que “há estudos que ligam a perda do sentido do olfato ao início de problemas de memória e de doenças degenerativas como Alzheimer e Parkinson”, para defender que dar mais atenção ao olfato, até como indicador médico, é um caminho que deve ser seguido.

// ZAP

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