Ecstasy pode vir a ser um medicamento contra o estresse pós-traumático nos EUA

purcio / Flickr

A Food and Drug Administration (FDA), agência que regula alimentos e medicamentos nos EUA, determinou que a 3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA), também conhecida como ecstasy, é uma “terapia inovadora” no tratamento do transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).

A Associação Multidisciplinar de Estudos Psicodélicos (MAPS) anunciou a decisão da FDA na semana passada, revelando que agora eles podem avançar para dois dos próximos testes da “Fase 3”.

O objetivo desses testes é determinar com que eficácia o medicamento pode ser usado para tratar aqueles que sofrem de TEPT. Os testes incluirão 200 a 300 participantes, e o primeiro teste começará em 2018.

“Pela primeira vez, a psicoterapia assistida psicodelicamente será avaliada nos ensaios da Fase 3 para o possível uso de prescrição, com a psicoterapia assistida por MDMA para TEPT liderando o caminho”, diz Rick Doblin, fundador e diretor executivo da MAPS.

Os testes serão realizados nos EUA, Canadá e Israel, e o MAPS planeja abrir conversas com a Agência Europeia de Medicamentos na esperança de expandir os testes para incluir a Europa. Por enquanto, o foco é garantir o financiamento que eles exigem.

De acordo com a Science, a organização ainda está arrecadando dinheiro para os testes e, até agora, conseguiu apenas 13 milhões de dólares, cerca de metade de seu objetivo.

Desde 1986, a MAPS vem conduzindo ensaios com MDMA na esperança de provar o valor terapêutico da droga. Após o lançamento em 2011 de um pequeno estudo nos EUA, a droga ganhou força como um potencial tratamento para TEPT.

Desde então, os cientistas têm pressionado por testes adicionais, mas o estigma do ecstasy como droga prejudicial impediu o progresso.

A nova designação da FDA pode mudar isso.

“Este não é um grande passo científico. Tem sido óbvio por 40 anos que essas drogas são medicamentos. Mas é um grande passo na aceitação”, explica David Nutt, neuropsicofarmacologista da Imperial College London.

Ensaios anteriores que exploraram o quão bem a MDMA poderia tratar o TEPT produziram resultados favoráveis, contribuindo para a decisão da FDA. Nos testes da Fase 2, 107 pessoas que tiveram TEPT por uma média de 17,8 anos foram tratadas usando psicoterapia assistida por MDMA.

Após dois meses, 61% dos participantes já não sofriam de TEPT. Após um ano, esse número aumentou para 68%, de acordo com o comunicado de imprensa da MAPS.

O TEPT só precisa de um pequeno gatilho como um som, um cheiro ou um objeto para trazer uma memória traumática de volta. Quase 8 milhões de adultos experimentam TEPT por ano, e as crianças também podem sofrer com isso.

Se a MDMA se revelar um tratamento eficaz e seguro, poderia ajudar milhões de pessoas a viver vidas normais e saudáveis, sem medo do próximo episódio debilitante de TEPT.

Ciberia // HypeScience

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