O líder norte-coreano, Kim Jong-un, afirmou que vai reforçar o arsenal nuclear de seu país, em discurso de encerramento do congresso do partido no poder, anunciou nesta quarta-feira (13) a imprensa oficial, a uma semana da posse do novo presidente americano, Joe Biden.
“Ao reforçarmos nosso arsenal de guerra nuclear, devemos fazer todo o possível para construir um exército mais poderoso“, declarou Kim durante o Congresso do Partido dos Trabalhadores, segundo a agência de notícias oficial KCNA.
Ao longo do evento, que durou oito dias, duas vezes mais do que o último, realizado em 2016, Kim Jong-un lançou farpas aos Estados Unidos, país que classificou como “principal obstáculo ao desenvolvimento da nossa revolução e nosso principal inimigo”.
“A verdadeira intenção da sua política para a República Democrática da Coreia do Norte não mudará nunca, independentemente de quem estiver no poder“, estimou Kim, que não mencionou o nome do presidente eleito Joe Biden.
Submarino, ogivas, satélites e mísseis
Kim anunciou que a Coreia do Norte concluiu seus planos para desenvolver um submarino nuclear e enunciou a lista de objetivos armamentistas, como ogivas nucleares supersônicas, satélites de reconhecimento militar e mísseis balísticos intercontinentais de combustível sólido.
Os programas armamentistas se aceleraram desde a chegada de Kim ao poder, entre eles o de uma potente bomba nuclear e mísseis capazes de atingir o território americano.
O avanço desses programas, proibidos por várias resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, levou ao fortalecimento das sanções internacionais contra Pyongyang.
Durante um desfile militar em outubro passado, a Coreia do Norte apresentou um novo míssil balístico intercontinental (ICBM), que os especialistas dizem ser o maior míssil movido a combustível líquido conhecido no mundo.
O Congresso do Partido dos Trabalhadores e as fortes declarações de Kim chegam no momento em que o democrata Joe Biden se prepara para substituir o republicano Donald Trump na Casa Branca.
Kim e Trump mantiveram uma relação tumultuada, que começou com trocas de insultos e ameaças recíprocas de guerra antes de culminar em uma reaproximação diplomática e uma cúpula em junho de 2018, em Singapura.
Uma segunda cúpula entre os dois homens, em fevereiro de 2019 em Hanói, fracassou devido a diferenças de opinião sobre o alívio das sanções internacionais que Kim pediu antes de iniciar um processo de desnuclearização. Desde então, as negociações estagnaram.
Antipatia ao novo presidente
A mudança de liderança em Washington constitui um desafio para Kim. Mesmo antes da campanha para as eleições presidenciais de novembro passado, durante a qual Biden chamou o líder norte-coreano de “bandido”, Pyongyang não escondia sua antipatia pelo ex-vice-presidente democrata.
A agência KCNA lançou um ataque verbal de rara violência contra o futuro presidente em novembro de 2019. “Cães raivosos como Biden podem machucar muitas pessoas se forem deixados livres”, atacou a agência oficial. “É preciso espancá-los até a morte”.
Durante o congresso, Kim foi eleito no domingo (10) secretário-geral do Partido dos Trabalhadores, do qual era presidente, uma mudança simbólica de nome com o objetivo de fortalecer seu poder, segundo analistas.
A Coreia do Norte, duramente atingida por sanções internacionais e mais isolada do que nunca devido à pandemia do coronavírus, passa por imensas dificuldades econômicas.
Durante o congresso, Kim admitiu o fracasso da política econômica conduzida recentemente na Coreia do Norte, declarando que “quase todos os setores” não haviam alcançado seus objetivos.
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