O cemitério de Ivry-sur-Seine, no subúrbio de Paris, reservou uma área de 1.560 metros quadrados para enterros sustentáveis. A nova ala deverá ajudar a diminuir o impacto gerado pelos enterros tradicionais.
A contaminação do solo e dos lençóis freáticos por necrochorume é um dos muitos problemas enfrentados por cemitérios. Há ainda a contaminação pelos metais pesados usados na fabricação de alças de caixões e o vazamento de gases sulfídricos que pode ocorrer devido à má confecção, para citar apenas alguns exemplos.
Uma pesquisa realizada em 2017 pela Services Funéraires de Paris analisou a pegada de carbono que deixamos após a morte. Segundo o levantamento, enterros tradicionais gerariam 833 kg de CO², enquanto a cremação produziria 233 kg.
Os enterros sem lápide são ainda menos nocivos ao meio ambiente, gerando um total de 182 kg de CO². O levantamento leva em conta matérias-primas utilizadas, logística, uso de energia, geração de resíduos, entre outros fatores.
Na área reservada aos enterros verdes no cemitério de Ivry-sur-Seine, tudo é pensado para minimizar os impactos. Ao invés de lápides, marcadores de madeira indicando o local em que foram enterrados os caixões feitos de materiais naturais, como papelão ou madeira. Nada de verniz, almofadas sintéticas ou tintas.
Até mesmo as roupas do cadáver devem ser cuidadosamente pensadas para a ocasião: apenas fibras naturais são permitidas. Além disso, os corpos não poderão ser embalsamados, visto que a prática utiliza formol e outros produtos químicos para impedir a decomposição.
A mudança traz também o retorno de velhas profissões, como a de coveiro. Os túmulos deverão ser cavados com pás e enxadas, como antigamente. O uso de retroescavadeiras com motor à diesel não será permitido na área.
Mesmo aqueles parisienses que não se importam muito com a sustentabilidade podem ser atraídos por outro benefício do local. Segundo o site The Mayor, os enterros verdes serão até 20% mais econômicos do que os tradicionais.
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