Os líderes europeus intensificam as medidas de combate à pandemia do coronavírus, depois da alta de 42% de novos casos da Covid-19 em uma semana. A Itália reforçou neste domingo as medidas de restrição para bares e restaurantes, enquanto a Espanha declarou estado de emergência sanitária em todo o país por 15 dias, enquanto espera que o Parlamento aprove sua extensão por seis meses, até 9 de maio.
O primeiro-ministro socialista espanhol, Pedro Sanchez, anunciou que o estado de emergência será acompanhado de um toque de recolher em todo o país, exceto nas Ilhas Canárias, para tentar “quebrar” a curva ascendente da segunda onda da Covid-19. “A situação pela qual estamos passando é extrema”, disse o premiê espanhol em um discurso transmitido pela TV, após uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros.
Há dois dias, Sánchez admitiu que “o número real” de contaminações já ultrapassou a marca de 3 milhões de pessoas na Espanha, desde o início da epidemia. Essa estimativa representa o triplo dos casos notificados oficialmente. O país enfrenta um aumento aparentemente incontrolável da doença. O número de mortes se aproxima de 35 mil.
Neste contexto, “o estado de alarme” (equivalente ao estado de emergência sanitária) constitui “a medida mais eficaz para provocar uma inflexão da curva de contágio”, prosseguiu o premiê.
O toque de recolher deve durar, em princípio, das 23h às 6h, mas 17 das 19 regiões autônomas do país poderão adiantar ou atrasar o seu início em uma hora, dependendo da situação local das transmissões. A Catalunha, por exemplo, anunciou que aplicará a medida a partir deste domingo de 22h às 6h, e os estabelecimentos abertos ao público deverão fechar as portas às 21h.
Sánchez, que é criticado por não ter conseguido evitar a segunda onda da epidemia, embora enfrente a resistência da oposição de direita às suas decisões, pediu a união dos partidos políticos. “Queremos contar com seu apoio, é uma questão de Estado”, insistiu o líder socialista.
Entre outras medidas contidas no decreto estão reuniões limitadas a seis pessoas. Apenas o arquipélago das Ilhas Canárias, na costa noroeste da África, não será submetido ao confinamento noturno, devido à baixa incidência do novo coronavírus, explicou. O objetivo, segundo Sánchez, é chegar a 25 infectados por 100.000 habitantes. Atualmente, a Espanha está acima de 400. “Temos um longo caminho pela frente”, alertou o chefe de governo espanhol.
Itália restringe serviço em bares e restaurantes
Na Itália, o primeiro-ministro Giuseppe Conte reforçou as restrições, após a descoberta de 20 mil novos casos da Covid-19 em 24 horas, segundo dados de sábado (24), um recorde nacional.
Cinemas, teatros, academias e piscinas deverão fechar sob as novas regras que entrarão em vigor nesta segunda-feira (26) até 24 de novembro. Bares e restaurantes terão que deixar de servir às 18h, informou o gabinete do primeiro-ministro. O país, o primeiro da Europa duramente afetado pela pandemia, totaliza 500 mil casos do coronavírus e 37 mil mortes.
Três regiões com as cidades mais populosas adotaram um toque de recolher nos últimos dias: Lazio (Roma, centro), Lombardia (Milão, noroeste) e Campanha (Nápoles, sudoeste). Ao menos outras duas regiões, Piamonte (norte) e Sicília (sul) seguirão os mesmos passos nessa semana.
Na madrugada de sábado para domingo, dezenas de manifestantes de extrema direita protestaram contra o toque de recolher e enfrentaram a polícia no centro histórico de Roma. Os manifestantes esperaram até um minuto antes da meia noite para lançar fogos de artifício com as cores da bandeira italiana contra a polícia. Sete deles foram detidos e dois policiais ficaram feridos, segundo o jornal La Repubblica.
Em Nápoles, foram registrados incidentes na noite anterior, quando jovens que se opõem ao toque de recolher enfrentaram a polícia, exigindo compensações financeiras por não poder trabalhar.
França: prefeitos pedem hospital de campanha
Na França, 21 prefeitos da região sudeste pediram neste domingo às autoridades do Estado a construção de um hospital de campanha nas proximidades de Saint-Etienne, diante do aumento dramático de doentes.
Com mais de 45 mil novos casos positivos da Covid-19 em 24 horas, de acordo com dados de sábado, o governo francês não exclui um novo confinamento, disse nesta manhã o secretário de Estado da Transição Digital, Cédric O.
A decisão sobre essa medida extrema, seja por territórios ou nacional, será avaliada pelo governo francês no decorrer de novembro, quando será possível verificar se o toque de recolher conteve a cadeia de transmissões. No sábado, o confinamento noturno entrou em vigor para mais 38 departamentos franceses, de 21h às 6h. A medida abrange agora dois terços do território e 46 milhões de pessoas.
A França, que já ultrapassou a marca de um milhão de infectados, registra mais de 34 mil vítimas do coronavírus.
// RFI