A estátua do escravocrata que foi derrubada em Bristol, no Reino Unido, foi finalmente substituída por uma manifestante do Black Lives Matter.
O artista Marc Quinn decidiu esculpir o punho erguido de Jen Reid, ativista que participou das manifestações que levaram à queda da homenagem a um dos maiores traficantes de escravizados do Reino Unido, Edward Colston.
Erguida sobre o mesmo pedestal em que estava o traficante de seres humanos, a estátua ‘Um Rompante de Poder (Jen Reid) 2020’ foi instalada provisoriamente e pode ficar de maneira permanente como um símbolo da revolta do povo preto contra o racismo no Reino Unido.
“Um amigo meu me mostrou uma foto de Jen sobre o plinto em Bristol com seu punho erguido, o símbolo do Black Power. Meu primeiro pensamento foi ‘como essa imagem é incrível’ e logo decidi fazer uma escultura dela, no momento em que vi a foto. É uma imagem muito poderosa, de um movimento que precisa ser materializado para sempre. Eu falei com ela pelas redes sociais para discutir a ideia da escultura e ela topou colaborar”, contou Quinn à Evening Standard.
A antiga estátua, em que Edward Colston era homenageado, era um dos maiores símbolos de opressão em Bristol. O homenageado foi um dos maiores traficantes de seres humanos da África para as colônias do Império Britânico e um dos maiores opositores à abolição da escravidão no Parlamento Inglês. Sua riqueza foi construída em cima do sofrimento de milhares de pessoas. A resposta dos manifestantes de Bristol foi essa aqui:
Depois das manifestações na cidade portuária britânica, uma onda de protestos contra estátuas que homenageavam racistas e genocidas aconteceu: Leopoldo II, da Bélgica, responsável pelo genocídio de mais de 10 milhões de africanos, teve uma estátua retirada em Bruxelas. Diversas estátuas de Cristóvão Colombo foram retiradas nos EUA.
Jen também contou sua história e suas visões sobre a estátua que carrega seu nome e sua imagem em um comunicado oficial: “Essa estátua é sobre as crianças pretas se vendo no topo. É algo para se sentir orgulho, é sobre pertencimento, porque de fato nós merecemos esse espaço e não iremos a lugar algum.”
“Quando subi no pedestal, meus pensamentos foram diretamente para as pessoas escravizadas que morreram na mão de Colston e que lhe deram riqueza. Eu queria dar poder a George Floyd, queria dar poder as pessoas pretas como eu que sofreram com a injustiça e a desigualdade. Uma onda de poder para todos eles. Essa escultura é importante: é uma maneira de continuar a árdua jornada pela justiça racial e pela igualdade, porque as vidas negras continuam importando”, afirmou.
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