A egípcia Mariam Moustafa, de 18 anos, morreu em um hospital da Inglaterra, depois de ter sido brutalmente espancada por um grupo de 10 adolescentes com idades entre os 15 e os 17 anos. Entre críticas à polícia e ao hospital, os pais suspeitam de uma agressão com motivações raciais.
A jovem estava em coma induzido no Hospital de Nottingham City, na Inglaterra, onde acabou morrendo, na quarta-feira (14).
Mariam Moustafa, estudante de engenharia com nacionalidade egípcia, foi atacada por um grupo de 10 meninas em uma rua do centro de Nottingham, no dia 20 de fevereiro.
A egípcia foi “espancada repetidamente” e “arrastada durante 20 metros” por “uma das ruas mais movimentadas do centro de Nottingham”, sem que ninguém interviesse para ajudá-la, informa o The Times.
A jovem conseguiu escapar das agressoras, que teriam entre 15 e 17 anos, e se refugiou em um ônibus. O grupo de adolescentes ainda entrou no veículo, ameaçando-a e agredindo-a verbalmente, mas o motorista não deixou que se aproximassem de Mariam, como se pode ver no vídeo reproduzido acima.
Assistida no hospital no mesmo dia, a estudante acabou tendo alta cinco horas depois, mas sua saúde começou a “se deteriorar”, voltando a ser internada, como conta a irmã de Mariam ao jornal Nottingham Post.
O tio da jovem, Amr ElHariry, explica ao mesmo diário que, no dia seguinte ao ataque, quando a irm foi acordá-la, “viu que o corpo tinha ficado azul com as lesões”. Ela foi então levada de novo para o hospital, onde foi colocada em coma induzido durante 12 dias.
“Mariam voltou ao hospital em péssima condição”, tendo sido sujeita “a nove cirurgias” antes de morrer, conta à CNN o tio da estudante, deixando duras críticas aos procedimentos do hospital.
Amr ElHariry critica também a polícia e o governo britânico, considerando que não fazem tudo o que podem para resolver o caso.
Até agora, apenas uma jovem de 17 anos foi presa, por suspeitas de estar envolvida nas agressões, mas foi liberada sob fiança.
A polícia alega que “uma série de pessoas estão sob investigação ativa” e que têm decorrido interrogatórios a vários outros jovens que podem ter estado implicados no caso, cita o Nottingham Post.
Os pais de Mariam acreditam que o ataque teve motivações raciais e lamentam o fato de já terem apresentado queixa na polícia por uma agressão anterior contra a filha. A polícia é, assim, acusada de ter ignorado “sinais de alerta vitais”, escreve o jornal.
Entretanto, as autoridades policiais apelam a quem tenha assistido ao ataque que se apresente para contar o que viu.
“Sabemos que havia muitas pessoas caminhando na rua e à espera no ponto de ônibus, no momento do ataque, que podem ter informações que podem nos ajudar com a investigação”, refere o detetive Kayne Rukas, da Polícia de Nottinghamshire, em declarações ao Nottingham Post.
No Egito, o caso gera mal-estar. O Ministério das Relações Exteriores do país já declarou que acompanha com atenção o trabalho da polícia e a atuação do hospital no atendimento às lesões da jovem.
Ciberia // ZAP
E agora, será que Sir Roger Waters (e outras celebridades britânicas) vai protestar contra esse ataque xenófobo, tal como fez querendo impedir que Caetano e Gil se apresentassem em Israel após a morte de dois palestinos? E os deputados da União Europeia, que ameaçam o Mercosul com sanções após a morte da vereadora Marielle, mas que não demonstraram o mesmo interesse pela morte da jornalista Daphne Galizia (que denunciava a corrupção no governo de seu país, membro da UE) em um atentado a bomba?