Uma estudante do Pará conquistou uma credencial para participal do Internacional Sciense and Engineering Fair (Intel – ISEF), que este ano ocorrerá na cidade de Los Angeles, nos Estados Unidos, com o trabalho “Utilização de lixo na fundação de casas na Amazônia: Problema ou Solução”
Francielly Barbosa, de 16 anos, é estudante do 2º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Profª. Ernestina Pereira Maia, no município de Moju. A pesquisa científica rendeu a ela nove prêmios durante a Feira Brasileira de Ciências e Tecnologia (Febrace) deste ano, realizada em São Paulo.
O projeto de pesquisa de Francielly surgiu nos primeiros dias de ensino médio, em 2017. Ela ficou intrigada com a reclamação de alguns moradores da cidade do Moju que sentiam um forte cheiro de gás nas residências. As casas também apresentavam rachaduras no chão e nas paredes.
Sem nenhum recurso, mas com apoio de uma professora, ela descobriu que 75% das casas na cidade tinham sua fundação feita com lixo, por não terem condições de acesso a materiais da construção civil.
“A maioria das casas que participaram da mostra da pesquisa ficava em terrenos de invasão, geralmente alagadiços, então para construir suas casas as pessoas aterravam com lixo, pensando deixar mais firme o solo”, explica.
“O problema é que quando esse lixo, geralmente orgânico – como caroços de açaí – se decompõem, eles exalam o cheiro ruim e também podem fazer a estrutura ceder, por isso algumas casas rachavam”, afirma.
A jovem descobriu uma possível solução com materiais recicláveis: o uso de caroços de açaí carbonizados misturados com argila poderia funcionar como solução resistente para as fundações. “Esta, além de ser uma solução acessível, poderia gerar renda para comunidades carentes se fosse feita uma cooperativa, por exemplo”, explica.
Agora Francielly pede ajuda para arrecadar R$ 15 mil por meio de uma vaquinha na internet até o início de outubro, véspera da viagem. “Esse valor me ajudaria não só a ir para Los Angeles, mas também a pagar o resto das despesas da viagem que fiz a São Paulo para participar da Feira de Ciências e Tecnologia”, explica a jovem cientista.
Para ir à São Paulo, Francielly, a professora que orientou o projeto (Daniele Siqueira), e a comunidade da escola, fizeram ações de mobilizações, rifas e vendas de lanche na cidade, mas não foram suficientes.
A professora teve que custear do próprio bolso R$ 2 mil só de passagens. “Nunca tínhamos ido a São Paulo, não tínhamos ideia da logística e da distância até o aeroporto, então perdemos o voo, e com isso dobramos as dívidas”, conta a professora.
Daniele espera que a campanha de arrecadação via internet sensibilize as pessoas a colaborarem com a pesquisa e diz que, apesar de todas as dificuldades, é gratificante apoiar a jovem nesse processo.
“Ver uma aluna dedicada, que desde criança sempre se destacou nas feiras de ciências, ser premiada e sair de uma cidade pequena para o mundo será uma satisfação muito grande. E ainda de uma escola pública. Isso faz todo esforço valer a pena”, completa.
Até o fechamento desta edição, a estudante só havia arrecadado metade do valor pretendido: R$ 7.800, mas a campanha continua.
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