Já é de senso comum dentro da comunidade científica que fisiologia humana é única, sendo diferente da de qualquer outro primata. Isso, no entanto, acaba tornando os partos de nossa espécie ainda mais difíceis. Para encontrar os motivos, pesquisadores exploraram a tecnologia de modelagem biomecânica, descobrindo alguns fatos importantes.
Os cientistas contam que formato do canal do parto humano é estreito e dobrado na entrada, e as contrações sentidas no momento do nascimento precisam girar o cérebro grande dos bebês, além de seus ombros largos, em quase 90 graus para caber na pelve.
Se o bebê ficar preso, a vida da criança e da mãe podem estar em risco e, infelizmente, isso acontece em cerca de 6% de todos os nascimentos do mundo.
Até hoje, muitas das partes mais fundamentais da gravidez humana ainda são mistérios e, tradicionalmente, a pelve humana deveria ser moldada para ajudar a pessoa na hora de caminhar. Porém, na questão evolutiva, ser um animal bípede não favorece a hora do parto.
Os pesquisadores explicam que se a entrada do útero para o canal do parto fosse oval e mais profunda, o bebê poderia deslizar direto para fora, sem a necessidade de fazer movimentos muito complicados, como fazem outros primatas.
No entanto, em humanos, a pelve precisaria se inclinar em um grau ainda maior, o que acabaria resultando em uma curva mais profunda na parte inferior das costas, comprometendo a estabilidade e a saúde da nossa coluna.
Então, provavelmente essa é a razão para que o canal de parto tenha evoluído e chegado nessa forma. No caso dos chimpanzés, os filhotes precisam somente girar um pouco a cabeça para sair, enquanto os bebês humanos precisam se mover em quase 90 graus.
Mesmo depois dessa movimentação, o bebê ainda não terá uma saída reta, precisando girar mais uma vez para conseguir tirar os ombros do canal de parto, uma vez que são mais largos que a cabeça.
As pesquisas dos cientistas sugerem, então, que a região tem esse formato para trazer um melhor suporte ao assoalho pélvico, que ajuda os ossos a sustentarem os órgãos abdominais. Se o canal de parto inferior tivesse uma saída ainda mais larga, a estabilidade do assoalho pélvico seria aprimorada, mas o parto seria muito mais arriscado.
De acordo com estudos evolutivos, os canais de parto das mulheres Neandertais eram semelhantes aos dos chimpanzés, o que sugere que a torção é relativamente recente e exclusiva dos humanos.
Visto que os Neandertais também se levantavam e andavam sobre os dois pés, assim como nós, se torna mais interessante para os cientistas entenderem o porquê de a pélvis dos Homo sapiens se destacarem.
O estudo foi publicado na revista científica BMC Biology.
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