Não está claro o local onde se encontram os rebeldes sírios que participaram do programa dos EUA de treinamento e equipamento para que lutassem contra o Estado Islâmico, disse o porta-voz do Departamento de Defesa, Peter Cook, num briefing nesta terça-feira (9).
“Temos preocupações sobre a localização de todos estes indivíduos, todos estes estagiários”, manifestou Peter Cook.
“Não posso especificar onde cada um deles se encontra após ter deixado este pódio”, acrescentou.
Ele explicou que o Departamento de Defesa “teria preocupações” se qualquer dos combatentes treinados pelos EUA se juntasse às fileiras de grupos como Frente al-Nusra, afiliado da al-Qaeda na Síria.
O programa dos EUA que foi desenhado para treinar 5.400 rebeldes sírios moderados para combater o Estado islâmico mas, até o momento, somente treinou 54 combatentes oposicionistas, segundo diz o Departamento de Defesa.
Pelo menos uma dezena deles teriam sido capturados, mas posteriormente foram libertados pela Frente al-Nusra em julho, enquanto outros supostamente foram mortos ou desapareceram.
Cook disse que o programa não atingiu as expetativas do governo em termos da sua eficácia e, consequentemente, está a ser alvo de “perguntas duras”.
“Tiramos lições disso, continuamos a tirar lições e iremos continuar a ir para a frente com este programa”, sublinhou o porta-voz do Departamento de Defesa.
Os EUA estão apoiando os assim chamados “rebeldes sírios moderados” com ajuda financeira e fornecimentos de armas ligeiras.
Além disso, os EUA lideram uma coalizão de 62 nações que está realizando ataques aéreos contra as posições do Estado Islâmico na Síria desde setembro de 2014. Porém, a atividade da coalizão não está sendo coordenada com as autoridades sírias o que gera muitas críticas, por exemplo, por parte da Rússia.
No início deste mês, o The Daily Beast, site de notícias e opinião especializado em política e cultura pop, escreveu que David Petraeus, o influente ex-chefe da CIA e ex-comandante das forças americanas no Iraque e Afeganistão, propôs cooperar com a Frente al-Nusra, ligada ao antigo inimigo dos EUA, a al-Qaeda, para derrubar o grupo terrorista Estado Islâmico.
A guerra civil na Síria se estende desde 2011 e já causou a morte de mais de 230 mil pessoas, segundo os dados da ONU. O governo sírio luta contra vários grupos rebeldes e organizações militares, incluindo a Frente al-Nusra e o grupo terrorista Estado Islâmico. No entanto, o Ocidente não quer considerar o presidente da Síria, Bashar Assad, como um aliado na luta contra o grupo terrorista.
O grupo terrorista Estado Islâmico, anteriormente designado por Estado Islâmico do Iraque e do Levante, foi criado e, inicialmente, operava principalmente na Síria, onde seus militantes lutaram contra as forças do governo.
Posteriormente, aproveitando o descontentamento dos sunitas iraquianos com as políticas de Bagdá, o Estado Islâmico lançou um ataque maciço em províncias do norte e noroeste do Iraque e ocupou um vasto território.
No final de junho de 2014, o grupo anunciou a criação de um “califado islâmico” nos territórios sob seu controle no Iraque e na Síria.