EUA oferecem recompensa de US$ 15 milhões pela prisão de Maduro

Marcos Oliveira / Agência Senado

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro

Departamento de Justiça americano acusa formalmente líder chavista por “narcoterrorismo”. Segundo promotores, Maduro liderou cartel em conjunto com guerrilheiros colombianos para “inundar os Estados Unidos com cocaína”.

O governo dos Estados Unidos anunciou nesta quinta-feira (26/03) que está oferecendo US$ 15 milhões (R$ 76 milhões) como recompensa por informações que levem à prisão de Nicolás Maduro. O governo americano também estipulou valores para a prisão de outros ntegrantes do alto escalão chavista.

Por Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional Constituinte – espécie de Parlamento paralelo criado pelos chavistas para esvaziar o Legislativo dominado por opositores – e braço direito do mandatário venezuelano, a recompensa é de US$ 10 milhões (R$ 50,7 milhões).

A medida ocorre no âmbito de um anúncio do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que apresentou acusações formais contra Maduro e outros 14 membros do regime chavista por narcoterrorismo, lavagem de dinheiro e corrupção. Entre os acusados estão o presidente do Tribunal Supremo de Justiça do país, Maikel Moreno, e o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López.

Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, Maduro e seu círculo são conspiraram com rebeldes colombianos para “inundar os Estados Unidos com cocaína”. Segundo a ação, Maduro liderou e ajudou a administrar uma organização de narcotráfico chamada Cartel de Los Sols.

“Estimamos que entre 200 e 250 toneladas de cocaína saiam da Venezuela por estas rotas. Essas 250 toneladas equivalem a 30 milhões de doses letais”, acrescentou o departamento.

Os documentos apresentados pelo Departamento também apontam que Maduro negociou remessas de toneladas de cocaína produzidas pelo grupo guerrilheiro Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e ainda instruiu seu cartel a fornecer armas de nível militar ao grupo.

As acusações foram apresentadas um mês após o presidente Donald Trump ter chamado Maduro de “governante ilegítimo, um tirano que brutaliza seu povo” e ter prometido que “o domínio de Maduro pela tirania será esmagado e esfacelado”

O processo ficará a cargo de procuradores de Miami e de Nova York, que apresentarão acusações de casos concretos de lavagem de dinheiro e tráfico de drogas.

A acusação a um chefe de Estado é pouco comum e deve aumentar as tensões entre Washington e Caracas num momento em que a pandemia covid-19 ameaça arruinar por completo o já frágil sistema de saúde da Venezuela.

O país ainda enfrenta há anos graves problemas econômicos, que devem se agravar ainda mais por causa da queda do preço do petróleo, que atinge em cheio a principal fonte de receitas do regime. A Venezuela encerrou 2019 com uma inflação de 9.585,5%.

Pelo Twitter, Maduro condenou o anúncio do Departamento de Justiça americano e acusou EUA e Colômbia de emitirem ordens para “encher a Venezuela de violência”. “Como chefe de Estado, sou obrigado a defender a paz e a estabilidade de toda a pátria, em qualquer circunstância que surja”, escreveu Maduro.

Nos últimos meses, os EUA também impuseram seguidas rodadas de sanções a Maduro e seus familiares e figuras do alto escalão chavista. Em agosto, os Estados Unidos ordenaram o congelamento de todos os ativos da Venezuela em solo americano. Também confiscou a subsidiária americana da petrolífera, Citgo, avaliada em 8 bilhões de dólares.

Os EUA têm sido claros que o objetivo de suas sanções é pressionar a deposição de Maduro. O governo Trump apoiou abertamente o líder da oposição e presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó. Em janeiro do ano passado, o Parlamento do país proclamou Guaidó presidente. O opositor foi rapidamente reconhecido pelos Estados Unidos.

Desde então, dezenas de outros países, entre eles o Brasil, seguiram o exemplo, isolando ainda mais Maduro e seu círculo, que foram acusados de fraudar a eleição presidencial de 2018 por meio de intimidação e manipulação de resultados. No entanto, protestos convocados por Guaidó para apressar a derrubada de Maduro ainda não surtiram o efeito esperado e os chavistas continuam agarrados ao poder.

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