EUA apresentam plano para retirada de 12 mil soldados da Alemanha

Cerca de 6,4 mil militares americanos retornarão para os Estados Unidos e 5,4 mil serão transferidos para outros países europeus. Decisão é vista como repreensão de Trump à Alemanha, acusada de gastar pouco com defesa.

O Pentágono apresentou nesta quarta-feira (29/07) seus planos para a retirada de quase 12 mil soldados americanos estacionados na Alemanha. A intenção de reduzir o contingente militar no país europeu fora anunciada em junho pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que acusa Berlim de não gastar o suficiente em defesa.

De acordo com o Pentágono, cerca de 6,4 mil soldados retornarão para os EUA, e outros 5,4 mil serão transferidos a outros países europeus, como Bélgica, Itália e Polônia.

O secretário americano de Defesa, Mark Esper, disse que a retirada começará nos próximos meses, e que aproximadamente 24 mil militares permanecerão na Alemanha. Admitindo que a decisão foi “acelerada” por Trump, ele afirmou que os deslocamentos também seguem objetivos estratégicos maiores, visando enfrentar a tensão com a Rússia e tranquilizar aliados europeus.

Segundo Esper, alguns soldados serão deslocados para a região do Mar Negro e outros temporariamente para o Mar Báltico. A sede europeia das Forças Armadas americanas também deve ser transferida de Stuttgart para a Bélgica.

O Pentágono alega que a decisão de manter ainda cerca de 24 mil soldados na Alemanha é um sinal de que os EUA não quebrarão os compromissos com os aliados, nem desguarnecerão as frentes de combate no Oriente Médio. Além de servirem como uma barreira para a influência da Rússia, as Forças Armadas dos EUA utilizam as bases em solo alemão para coordenar ações militares na Europa, África e Oriente Médio.

Autoridade americanas enfatizaram que, no início, apenas um número relativamente pequeno de soldados será transferido, e que a mudança levará anos para ser totalmente implementada, também devido aos bilhões de dólares que exigirá o projeto.

A retirada das tropas da Alemanha representa uma repreensão notável a um dos mais próximos aliados militares e comerciais dos EUA. “Não queremos mais ser otários”, afirmou Trump após anúncio da proposta de retirada das tropas. “Estamos reduzindo a força porque eles não estão pagando as contas. É muito simples.”

Em diversas ocasiões, o Presidente americano acusou a Alemanha de se beneficiar da presença militar americana em seu território sem oferecer contrapartidas, como um aumento de seus gastos em defesa para acima de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. A marca atual alemã é de cerca de 1,4% do PIB em defesa.

Nos últimos dois anos, porém, os dois países também tiveram desentendimentos em questões espinhosas, como o acordo nuclear com o Irã e os interesses de Berlim na construção do gasoduto russo Nord Stream 2.

Ao todo, os EUA mantêm aproximadamente 34.500 militares na Alemanha, que abriga mais soldados americanos do que qualquer outro país europeu. A presença militar dos EUA no território alemão é um legado da ocupação pelos Aliados após a Segunda Guerra Mundial.

Apesar da diminuição da presença militar americana na Europa desde o fim da Guerra Fria – em 1962, os EUA tinham 274.119 soldados estacionados no país –, a Alemanha permanece como um centro estratégico para as forças do Pentágono.

A base americana em Stuttgart é usada para as missões na Europa e na África, enquanto a de Ramstein tem papel fundamental no envio de soldados e equipamentos para o Iraque e o Afeganistão. O hospital militar americano em Landstuhl, próximo a Ramstein, é o maior desse tipo fora dos EUA.

Os planos americanos de retirada de parte significativa de suas tropas vêm sendo criticados ou encarados com preocupação pelo meio político alemão. Os quatro estados alemães que abrigam bases militares dos EUA pediram ao Congresso americano que bloqueie a proposta, alegando que ela é uma mera uma manobra política e não estratégica.

A retirada foi criticada até mesmo por integrantes do partido de Trump. O senador republicano Mitt Romney classificou o plano de “um erro grave” e “um tapa na cara de um amigo e aliado”.

O secretário-geral da Otan, Jens Soltenberg, porém, saudou os planos, afirmando que Washington consultou seus aliados para tomar a decisão. “O anúncio sublinha o empenho contínuo dos Estados Unidos na Otan e na segurança europeia”, alegou, acrescentando que “a paz e a segurança da Europa são importantes para a segurança e prosperidade da América do Norte”.

O Ministério da Defesa da Alemanha não comentou o anúncio americano.

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