O ar que se respira na Europa está poluído com substâncias perigosas que teriam provocado centenas de milhares de mortes prematuras durante 2016, segundo a Agência Europeia do Ambiente.
O organismo europeu assinala “lentas melhorias”, mas destaca que “a poluição do ar continua ultrapassando os limites e diretivas da União Europeia e da Organização Mundial de Saúde”, baseando-se em dados recolhidos em 2.500 postos de recolha de dados durante o ano de 2016.
Os transportes rodoviários são uma das principais causas da poluição, emitindo partículas nocivas e gases como dióxido de azoto e ozônio que são “um perigo para a saúde humana e para o meio ambiente”, sobretudo nas cidades.
O ozônio que se acumula no solo é o poluente a que a maior porcentagem da população urbana da União Europeia está exposta: se medido pelos critérios mais restritos estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde, 98% da população esteve exposta a doses superiores ao limite recomendado durante 2016.
No entanto, se for o limite decidido pela União Europeia, só 12% recebeu doses superiores ao recomendado, um decréscimo em relação a 2015, (30% da população, nesse ano), mas ainda acima dos 7% registrados em 2014. A exposição ao ozônio poderia ter contribuído para a morte prematura de 17.700 pessoas em 41 países da Europa.
Mas são as micropartículas poluentes – as que têm um diâmetro igual ou inferior a 2,5 milésimos de milímetro – as mais mortíferas, podendo atribuir-lhes cerca de 422 mil mortes antes do tempo em 2015, 391 mil delas no espaço da União Europeia.
O panorama é, mesmo assim, melhor do que o de 1990, quando se estima que mais de meio milhão de pessoas morria anualmente por exposição a partículas poluentes, o que se atribui no relatório à aplicação de medidas locais e nacionais para reduzir a poluição provocada pelos carros, pelas indústrias e pelas centrais elétricas.
De acordo com os limites decididos na União Europeia, 6% teriam estado expostos a elas, mas, novamente, se tido em conta o estabelecido pela Organização Mundial de Saúde, cerca de 74% da população urbana na Europa respirou ar contaminado com partículas acima do recomendado.
Quanto ao dióxido de azoto, 7% da população vivia em 2016 em zonas com concentrações acima dos limites tanto da União Europeia quanto da OMS, menos do que os 9% registrados em 2015, mas ainda o suficiente para causar cerca de 79 mil mortes prematuras.
A poluição do ar tem custos elevados porque faz aumentar os gastos com cuidados médicos e prejudica a produtividade devido às doenças que provoca e os dias dispensados que implica. Além dos seres humanos, os ecossistemas, solos, florestas, lagos, rios e campos agrícolas também são afetados.
“A poluição do ar é um assassino invisível e temos que aumentar os esforços para acabar com suas causas. As emissões dos transportes rodoviários são mais nocivas que as das outras origens, uma vez que acontecem ao nível do solo e são piores nas cidades, onde estão as pessoas”, afirmou o diretor da agência ambiental, Hans Bruynickx.
O impacto na saúde se caracteriza por infecções pulmonares, ataques cardíacos, acidentes vasculares e câncer de pulmão.
Ciberia // ZAP