A maior estrutura de organismos vivos do planeta, a Grande Barreira de Corais, na Austrália, já morreu e ressuscitou cinco vezes nos últimos 30 anos, sempre pela mesma causa: mudanças drásticas no nível médio do mar.
Segundo um estudo recente, duas dessas mortes aconteceram há 22 mil anos, quando a Terra passava pela última era glacial e ocorreram porque o nível do mar diminuiu drasticamente. O fato de a água ter congelado, fez com que o nível do mar diminuísse, expondo a barreira à atmosfera – fazendo, assim, com que ela morresse.
Mas a barreira ressuscitou sempre. O biólogo Jody Webster acredita que, nos primeiros milhares de anos depois dessas mortes, alguns organismos conseguiram se mover para regiões mais profundas e voltar à vida.
De acordo com o Observador, além do frio, o fato de os corais terem ficado submersos também condenou a Grande Barreira de Corais, dado que não conseguiram receber a luz do Sol. Aliás, foi isso que matou a barreira três vezes, algo que aconteceu entre 17 mil e 10 mil anos atrás.
Desta vez – e para não morrerem de vez – os organismos recuaram para zonas mais profundas onde conseguissem estar submersos, mas, ao mesmo tempo, os raios solares pudessem penetrar a água. Mil anos depois, a Grande Barreira de Corais conseguiu ressuscitar.
Os cientistas recolheram entre 30 e 40 metros de amostras diretamente de 16 locais distintos da barreira. Depois de interpretar os resultados, Webster considera que “ela tem uma maior resiliência a longo prazo do que se pensava anteriormente, mas a saúde a curto prazo é mais difícil de prever”.
“Com o branqueamento da Grande Barreira de Corais que temos visto ano após ano, eu diria que esse estudo é um grande farol de esperança” para a estrutura, numa época em que as temperaturas estão subindo muito mais rapidamente do que nos últimos 30 mil anos, explica, citado pelo New Scientist.
O estudo, publicado recentemente na Nature Geoscience, destaca que o mais provável é que a Grande Barreira venha a morrer mais uma vez nos próximos milhares de anos, graças à era glacial que está a caminho e às consequências das mudanças climáticas induzidas pela humanidade.
Mudanças na temperatura e na acidez do mar fazem com que os corais sofram um branqueamento, tornando-os mais suscetíveis a doenças. Sem tempo para recuperar, podem mesmo desaparecer para sempre.
Em abril, o biólogo australiano Terry Hughes disse que “nossos netos podem nunca ver a Grande Barreira do Corais se recuperar” das mudanças a que o ambiente está sendo sujeito. Aliás, 30% da barreira já está morta.
Ciberia // ZAP