A ida do ser humano à Marte é algo que está em fase de planejamento e desenvolvimento, mas tanto a NASA quanto a SpaceX já vêm estudando o quanto a jornada de 200 dias até que os astronautas cheguem o Planeta Vermelho impactará no organismo humano, bem como o que acontecerá com seus corpos depois que estiverem vivendo por lá.
E esses danos podem ser maiores do que imaginamos.
Questões como atrofia muscular, perda de estrutura óssea, pressão intra-craniana, alta exposição à radiação e problemas psicológicos são algumas das preocupações. Para contornar esses problemas, a NASA vem trabalhando em ideias como a de uma espécie de hibernação espacial, ou habitações marcianas em cavernas protegidas.
“Há muitos desafios que nos impedem de chegar a Marte em um estado saudável“, declarou John Bradford, chefe de operações da Spaceworks. Ele é a favor desse estado de hibernação durante a viagem dos astronautas.
A hibernação traz também benefícios psicossociais, já que não se pode entrar em depressão enquanto dorme, além de promover uma redução da pressão intra-crianiana e abrir possibilidade para que seja feita uma espécie de eletroestimulação para reduzir a atrofia muscular e perda óssea, sem que os astronautas sintam dor ou desconforto.
Além disso, a hibernação também pode contribuir para a redução de gastos com suprimentos alimentares, reduzindo, ainda, os níveis de energia utilizados, porque, durante a hibernação, a temperatura corporal seria reduzida de 37ºC para algo entre 32 e 34ºC.
Mas os astronautas entrariam nesse estado de hibernação por duas semanas, acordando por alguns dias para retomar funções corporais, e repetindo o processo até chegar a seu destino. Isso representa outros perigos, já que será necessária sedação de longo prazo, nutrição e hidratação, além de eliminação de resíduos e controle contínuo de temperatura.
Passada essa fase, chega o momento de viver em Marte, o que trará outros problemas ao corpo humano. De acordo com Laura Kerber, da NASA, “alguns dos maiores desafios são o ambiente de alta pressão, que requer um traje espacial volumoso e pressurizado, além das temperaturas extremamente frias à noite”. A agência espacial já vem trabalhando na criação de trajes mais leves para que a locomoção seja possível.
A radiação é outro problema para os astronautas que colonizarem Marte, já que o planeta não conta com um campo magnético de proteção como temos aqui na Terra.
Outros desafios envolvem a gravidade marciana, que é de um terço da terrestre, e também é preciso saber mais sobre a poeira do planeta para descobrir o quão seguro seria respirá-la acidentalmente, ou, ainda, o que aconteceria com seu contato na nossa pele.
O robô Curiosity, que vem explorando a superfície de Marte há alguns anos, vem estudando questões como radiação, atmosfera e geologia do Planeta Vermelho. Mas ainda há muito o que a NASA não conhece para que as futuras missões tripuladas sejam bem-sucedidas no que diz respeito à integridade física dos corajosos astronautas.