Um estudo recente concluiu que a taxa de mortalidade é 10% maior para aqueles que têm hábitos noturnos do que para quem se deita com o pôr do sol.
As pessoas que ficam acordadas até tarde e têm dificuldades em se levantar da cama são mais propensas a morrer mais jovens do que aquelas que se levantam e se põem com o sol.
Um estudo, publicado nesta quarta-feira (19) na Chronobiology International, concluiu que as pessoas que dizem ter hábitos noturnos tiveram um aumento de 10% no risco de mortalidade por todas as causas, em comparação com pessoas diurnas.
De acordo com a pesquisa, quem vive durante a noite tem maior probabilidade de contrair diabetes, distúrbios neurológicos, psicológicos, gastrointestinais e respiratórios.
“Há um problema para as ‘corujas’ que tentam viver no mundo da madrugada. O descompasso entre o relógio interno e o mundo externo pode causar problemas de saúde a longo prazo, especialmente se o cronograma for irregular”, aponta Kristen Knutson, professora de neurologia da Feinberg School of Medicine, da Universidade de Northwestern, nos EUA, e principal autora do estudo.
O estudo, envolveu quase meio milhão de britânicos com idades entre os 37 e os 73 anos. Dos 433.268 participantes, mais de 10 mil morreram no período de seis anos e meio que durou a pesquisa.
Knutson refere ainda que estudos anteriores já tinham apontado para taxas mais elevadas de doenças cardiovasculares e doenças metabólicas, mas esse estudo é o primeiro a explorar o risco de mortalidade.
Os cientistas chamam ainda a atenção para o destaque que os problemas psicológicos mereceram nesse estudo. A associação entre distúrbios psicológicos e pessoas notívagas foi muito forte: os participantes que se identificaram como “definitivamente noturnos” eram quase duas vezes mais propensos a desenvolver uma doença psicológica.
Ainda assim, os pesquisadores defendem a necessidade de uma pesquisa mais profunda sobre o tema.
É possível alterar o nosso cronótipo?
O cronótipo é o ritmo corporal variável segundo a disposição inata da pessoa, que de acordo com as horas mais propícias para acordar e dormir apresenta maior ou menor rendimento nas suas atividades nos períodos da manhã ou da tarde.
Segundo Knutson, o cronótipo de uma pessoa é provavelmente uma mistura de fatores hereditários e ambientais. Apesar de admitir que nosso cronótipo é determinado, em parte, pela genética, a professora de neurologia afirma que essa característica não é totalmente imutável.
As pessoas que pretendem adormecer mais cedo podem adotar certas estratégias que fazem com que se deitem mais tarde. Isto é, uma pessoa que queira se deitar cedo, mas que adia gradualmente sua hora de dormir com o uso de tecnologias à noite, por exemplo, irá adormecer muito mais tarde do que inicialmente pretendia.
É por isso que a especialista aconselha evitar luz à noite, assim como o uso de celulares ou tablets. “Além de adiar nossa hora de dormir, é também um mau sinal para o nosso relógio biológico, que voltará, gradualmente, a ser mais tardio”, explica.
Outra das recomendações da professora é que as pessoas ‘corujas’ tentem arranjar um emprego com horários flexíveis, para que consigam dormir o suficiente, consoante ao relógio biológico. Em relação a esse tema, Knutson afirma que os empregadores devem reconhecer a condição biológica de seus funcionários.
“Se o horário de trabalho fosse flexível e permitisse aos notívagos dormir as horas que necessitam, isso aumentaria a produtividade do próprio funcionário, beneficiando a empresa”, sustenta.
No entanto, o estudo apresenta algumas limitações. Quase 94% dos participantes se identificaram como brancos, o que significa que os resultados correm o risco de não ser reais ao serem generalizados. Outra limitação é que o estudo se baseou em relatos dos participantes, e não em medidas mais objetivas.
Ainda assim, o estudo deve ser um alerta para as pessoas noturnas que podem fazer esforços extras para manter um estilo de vida saudável.
Ciberia // HypeScience / ZAP