O herdeiro da Samsung, Lee Jae-yong, pode ter de voltar à prisão. Procuradores de justiça da Coreia do Sul pediram nesta quinta-feira (4) uma nova detenção do antigo diretor da gigante como parte de uma investigação sobre fraudes contábeis no braço de biologística da companhia.
Além disso, também há suspeitas quanto a uma fusão realizada em 2015 que aumentou o controle de Lee sobre a sul-coreana e que, para a justiça, pode ter pavimentado o caminho do executivo à vice-presidência.
São casos antigos e, pelo menos em teoria, não-relacionados aos motivos anteriores que levaram à prisão de Lee, envolvido no escândalo de suborno e tráfico de influência que derrubou a ex-presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, deposta em março de 2017. O executivo foi solto em 2018, após passar pouco menos de um ano na cadeia, e teve o restante de sua sentença de cinco anos reduzida após acordo de liberdade condicional.
Agora, a investigação das autoridades se concentra sobre uma fusão realizada em 2015 entre a Samsung C&T, holding que controla todas as empresas do grupo coreano, e a Cheil Industries, dos setores têxtil e químico. A aquisição levou a um aumento da parcela de controle possuída por Lee, o que levou outros acionistas a questionarem o negócio como uma manobra para solidificar ainda mais o poder familiar do herdeiro sobre a companhia.
O movimento levou acionistas a abrirem processos judiciais para impedir a fusão, considerada “injusta” para o restante dos participantes. Em 2017, entretanto, a justiça da Coreia do Sul deu parecer favorável à fusão e disse que não existem ilegalidades que sustentem o pedido de anulação. O caso agora voltou a ser aberto em conjunto a outra investigação relacionada a fraudes contábeis no braço de biologística da Samsung.
Lee foi convocado a depor no dia 26 de maio sobre os dois casos e, agora, as autoridades da Coreia do Sul pediram sua prisão sob acusações de violar regras de auditoria e manipular decisões da empresa de forma a alterar diretamente os preços das ações. O mandato não tem efeito imediato e deve ser avaliado por juízes no dia 8, quando será decidido se o herdeiro vai ou não retornar à cadeia.
Em nota, os advogados do ex-diretor da Samsung lamentaram profundamente a decisão das autoridades e afirmaram que o executivo permanece à disposição da justiça, demonstrando total cooperação às investigações e entregando fatos ou documentos sempre que isso é exigido dele. A defesa, entretanto, não deu detalhes sobre possíveis apelos ou movimentos jurídicos para impedir a prisão.
O executivo permanece recluso em sua casa, na capital Seul, e fez uma rara aparição pública no início de maio, quando se comprometeu a encerrar a sucessão familiar na diretoria da Samsung. Em conferência online, ele pediu desculpas por seu envolvimento nos recentes escândalos e atendeu aos pedidos de acionistas e outros diretores da própria Samsung, que viam uma manutenção do controle dos Lee sobre a companhia como insustentável e danosa à sua reputação e desempenho.
O herdeiro enfrenta, ainda, um outro processo judicial no qual é acusado de subornar acionistas e executivos de alto escalão para manter a sucessão familiar na Samsung. O caso também envolveria legisladores e oficiais de regulação, que receberiam dinheiro para garantir essa permanência. No total, US$ 8 bilhões teriam sido usados em tais negociações, um montante que, inclusive, teria saído dos caixas da própria fabricante sul-coreana.
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