Uma equipe de especialistas defendeu, em um relatório intitulado “Uso Malicioso da Inteligência Artificial”, que o sistema está cada vez mais vulnerável a potenciais abusos por estados não reconhecidos internacionalmente.
Segundo o relatório, publicado na semana passada, criminosos e terroristas seriam capazes, num futuro próximo, de transformar drones em mísseis, disseminar ainda mais vídeos falsos para manipular a opinião pública e criar mecanismos automáticos para executarem ciberataques.
De acordo com o Expresso, essas são três das ameaças destacadas no documento de 100 páginas, que identifica as três áreas de maior vulnerabilidade: a digital, a segurança física e a política.
O “Uso Malicioso da Inteligência Artificial” pede ainda àqueles que desenvolvem estes sistemas de IA para que façam mais para mitigar potenciais maus usos e abusos das suas tecnologias. Eles sugerem também que os governos aprovem uma nova legislação na área para impedir tais ameaças.
O grupo de especialistas defende, segundo o jornal, que tanto legisladores como pesquisadores devem trabalhar em conjunto para se prepararem para o uso malicioso da IA em um futuro próximo, de forma a que todos se conscientizem sobre a importância dos perigos – apesar dos pontos positivos da tecnologia.
À BBC, Shahar Avin, do Centro de Estudos sobre Riscos Existenciais da Universidade de Cambridge, disse que o relatório se centra em áreas já democratizadas, descartado os perigos da Inteligência Artificial em um futuro mais distante.
Para o especialista, o principal perigo reside na área de reforço da aprendizagem, em que a Inteligência Artificial é treinada a níveis que ultrapassam nossas capacidades, sem orientação ou exemplos humanos.
Em breve, pessoas mal-intencionadas poderão ser capazes de treinar um drone com software de reconhecimento facial para encontrarem determinados alvos facilmente. Num futuro próximo, hackers poderão usar tecnologias como a AlphaGo, uma IA para explorar padrões em quantidades maciças de dados e falhas nos códigos informáticos.
“A Inteligência Artificial irá alterar os cenários de risco para os cidadãos, organizações e estados”, defende Miles Brundage, cientista do Instituto para o Futuro da Humanidade na Universidade de Oxford.
O especialista vai mais longe e refere que, “muitas vezes, os sistemas de IA não se limitam a alcançar níveis humanos de performance, vão muito mais longe que isso. É preocupante, mas necessário que se considerem as implicações de ciberataques”, alerta.
Para Seán Ó hÉigeartaigh, diretor executivo do Centro para o Estudo de Riscos Existenciais e um dos autores do relatório, “a Inteligência Artificial veio mudar as regras do jogo”.
“Vivemos em um mundo que pode se tornar pleno de perigos diários por causa dos abusos da IA e precisamos assumir a responsabilidade sobre esses problemas, porque os riscos são reais. Já chega“, conclui hÉigeartaigh.
Ciberia // ZAP