Inscrição de 3.200 anos atrás em pedra (que talvez nunca existiu) é finalmente decifrada

troiaresort.pt

As ruínas romanas de Troia

Dois especialistas em arqueologia conseguiram decifrar uma misteriosa inscrição, registrada em uma língua antiga numa pedra com 3.200 anos. A mensagem relata episódios da vida de um Príncipe de Troia e descreve o que podem ser os misteriosos Povos do Mar.

A inscrição foi analisada a partir de cópias de uma impressão original em papel, uma vez que a pedra, com 3.200 anos e 29 metros de comprimento, não existe – e há até quem suspeite de que nunca tenha existido.

O certo é que o geoarqueólogo Eberhard Zangger e o acadêmico Fred Woudhuizen estudaram a inscrição, escrita em uma língua antiga, chamada Luvita ou Lúvio, que pouquíssimos especialistas linguísticos conseguem entender.

Após a análise, cujos resultados só devem ser publicados em dezembro, mas que são antecipados pelo Live Science, os pesquisadores concluíram que a inscrição revela um reino chamado Mira que controlou Troia há 3.200 anos, e que o príncipe troiano Muksus liderou seu exército em uma série de campanhas militares.

Se confirmada a veracidade da inscrição, a revelação do conteúdo pode ajudar a entender como os povos daquele período, muitas vezes denominados Povos do Mar, destruíram cidades e civilizações por todo o Oriente Médio. O Reino de Mira, situado na região onde atualmente se encontra a Turquia, teria acolhido alguns destes Povos do Mar.

Luwian Studies

Inscrição na Língua antiga Luvita sobre Troia e os Povos do Mar

Dúvidas quanto à autenticidade da inscrição

Eberhard Zangger e Fred Woudhuizen analisaram a inscrição a partir de cópias feitas de um documento encontrado entre o patrimônio do famoso arqueólogo James Mellaart, que morreu em 2012.

As notas de Mellaart, que acompanhavam o registro da inscrição em papel, revelam que ela tinha sido copiada em primeira mão em 1878, pelo arqueólogo Georges Perrot, perto da localidade de Beyköy, na Turquia, e que, depois disso, a pedra foi usada para construir uma mesquita.

O acadêmico Bahadır Alkım, falecido em 1981, teria então copiado a cópia de Perrot, e Mellaart, por sua vez, copiou a cópia de Alkım. E foi este terceiro registro da inscrição que foi analisado pelos arqueólogos.

O novelo intrincado de cópias leva alguns estudiosos a levantar a possibilidade de se tratar de uma falsificação moderna, até porque Mellaart era conhecido por, em algumas circunstâncias, “imaginar provas” para confirmar suas descobertas arqueológicas.

Mas Zangger e Woudhuizen acreditam que não seria possível criar uma falsificação deste tipo, até porque nem Perrot nem Mellaart conseguiam ler ou escrever em Luvita.

Ascensão do Reino de Mira e dos Povos do Mar

Segundo a leitura que os dois pesquisadores fizeram da inscrição, ela descreve a ascensão de um poderoso reino chamado Mira que lançou campanhas militares, lideradas pelo Príncipe de Troia Muksus, por vários locais do Oriente Médio, destruindo vários reinos, incluindo o Império Hitita.

A mensagem menciona em particular uma expedição naval que conseguiu conquistar Ashkelon, localizada onde hoje se situa Israel, e onde Muksus ordenou a construção de uma fortaleza.

A inscrição fala também da forma como o Rei Kupantakuruntas, que teria governado Mira, chegou ao trono após a morte do pai, o Rei Mashuittas. Este teria tomado o controle de Troia depois de derrotar o Rei troiano Walmus. Mashuittas teria, então, permitido a Walmus manter o trono em troca da lealdade à Mira.

Quando Kupantakuruntas chegou ao trono, tomou o controle de Troia e, diz a inscrição, passou a se apresentar como o “guardião de Troia”.

Ciberia // ZAP

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