A Islândia emitiu seus primeiros “certificados” de vacinação destinados a facilitar as viagens de pessoas vacinadas contra a Covid-19, os chamados “passaportes de vacinação”, segundo informações das autoridades nesta terça-feira. Ela se tornou um dos primeiros países a fazê-lo, já que a questão é polêmica e divide abertamente os 27 Estados-membros da União Europeia.
Cerca de 4.800 cidadãos islandeses que receberam duas doses de uma vacina contra a Covid-19 são atualmente elegíveis para obter esses certificados digitais após o lançamento, na última quinta-feira (21), de um serviço online dedicado aos “passaportes de vacinação“, declarou o Ministério da Saúde da Islândia.
“O objetivo é facilitar a circulação de pessoas entre os países, para que os indivíduos possam apresentar o certificado de vacinação durante os controles alfandegários e assim ficarem isentos das medidas de restrição fronteiriça, de acordo com as regras do país em questão”, afirmou ainda o ministério.
Para os detentores deste documento na Islândia, a utilidade desses certificados permanece, por enquanto, essencialmente teórica, enquanto seu valor não for reconhecido internacionalmente.
Mas se este tipo de documento for realmente implementado no bloco, a Islândia planeja permitir a entrada, sem controle, de portadores de certificados de vacinas de países membros da UE ou do Espaço Econômico Europeu, ou mesmo passaportes de vacinação implementados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A Islândia não é membro da UE, mas faz parte da área de livre circulação de pessoas de Schengen – agora restrita de fato por numerosas medidas anti-Covid. A introdução de tais certificados de vacinação ou “passaportes” é atualmente objeto de discussões na UE, mas sem qualquer consenso.
Diversas lideranças francesas acreditam que este tipo de documento possa se tornar um instrumento de isolamento e discriminação negativa, além de um entrave à livre circulação no bloco, que é uma das premissas da União Europeia, desde o Tratado de Roma.
“Salvar o turismo”
No entanto, países europeus como a Grécia pressionam pela adoção dos “passaportes de vacinação” para tentar salvar o setor de turismo, uma das principais fontes de divisas do país, mas as discussões são consideradas prematuras por vários países, como a França e a Alemanha.
A controvérsia sublinha a pequena proporção da população vacinada e as incertezas que ainda cercam o efeito da vacina na transmissão do vírus.
Em meados de janeiro, o comitê de emergência da OMS disse que se opõe “por enquanto” à introdução de certificados como condição de entrada em um país para viajantes internacionais.
“Ainda não sabemos se aqueles que são infectados após a vacinação têm menos probabilidade de transmitir a doença a outras pessoas ou não”, admitem as autoridades de saúde islandesas em seu site oficial.
Devido, em particular, às medidas rígidas de controle nas fronteiras e ao sequenciamento de todos os casos positivos, a epidemia está sob controle na Islândia há várias semanas.
Na semana passada, menos de cinco infecções diárias foram registradas no país de 365.000 habitantes.
// RFI