Cerca de 20 mil mulheres assinaram uma petição online que pede ao governo do Japão que proíba as empresas de exigirem o uso de sapatos de salto alto por parte de funcionárias.
A petição foi iniciada pela atriz Yumi Ishikawa, que afirmou ter sido obrigada a usar o calçado desconfortável em seu trabalho de meio período numa funerária. “Depois do trabalho, todo mundo troca para tênis ou sapatilhas”, diz Ishikawa no texto da petição. Ela também chama a atenção para os efeitos sobre a saúde causados pelo uso diário de salto alto, como dores nas costas, joanetes e bolhas.
Ishikawa reclama que seus colegas de sexo masculino não enfrentam no Japão as mesmas expectativas desconfortáveis em relação aos seus trajes. Ela espera que petição “torne o trabalho mais fácil para todos, crie um ambiente de trabalho livres de encargos desnecessários”.
O movimento se tornou viral e foi apelidado de campanha #KuToo, um trocadilho com duas palavras japonesas – kutsu, que significa sapatos, e kutsuu, que significa dor. Nas 24 horas seguintes ao lançamento da petição, milhares de japonesas começaram a se pronunciar em defesa da causa.
Depois de uma reunião no Ministério do Trabalho do Japão, Ishikawa relatou a repórteres que se encontrou com uma funcionária que parecia simpatizar com a sua causa. O Ministério da Saúde do Japão também está analisando a petição.
“Hoje apresentamos uma petição que pede a introdução de leis que proíbem os empregadores de forçar as mulheres a usar saltos altos, pois se trata de discriminação sexual ou assédio“, disse Ishikawa na terça-feira (04/06).
Não seria a primeira vez na história recente que as empresas japonesas teriam que repensar seus códigos de vestuário. Em 2005, o governo do Japão encorajou as empresas a reduzir o consumo de eletricidade e diminuir o uso de ar condicionado em prédios comerciais. Como consequência, o padrão masculino de longa data que estipulava o uso de gravatas começou lentamente a ser flexibilizado.
Nos últimos anos, as mulheres japonesas têm denunciado a falta de progresso na luta contra o sexismo em instituições em todo o país. Um exemplo de grande repercussão ocorreu em agosto de 2018, quando foi revelado que a Universidade de Medicina de Tóquio distorcia os resultados de vestibular das mulheres para beneficiar os candidatos homens.