Jornalista desvenda história misteriosa de agência secreta japonesa

O jornalista de investigação escocês Ryan Gallagher, especializado em assuntos de segurança nacional, revelou detalhes do trabalho interno da agência de espionagem secreta do Japão, Direção de Inteligência de Sinais, DFS, cujas missões continuam secretas.

A investigação, realizada pelo portal on-line The Intercept em colaboração com o canal japonês NHK, lançou luz sobre o dito lugar misterioso.

De acordo com o jornalista, a DFS, que se encontra sob jurisdição do Ministério da Defesa japonês, está localizada em Ichigaya, um bairro de Tóquio, no sul do país. A agência foi criada para monitorar chamadas telefônicas e mensagens de e-mail que passam através dos satélites de comunicação.

Segundo Ryan Gallagher, a DFS conta com 1.700 membros e ao menos seis instalações de vigilância. Um ex-funcionário, Atsushi Miyata, contou que seu trabalho incluía a vigilância a “países vizinhos”, tais como a Coreia do Norte, e suas atividades militares.

Além disso, Miyata desvendou que as informações obtidas pela DFS não podem ser compartilhadas com outras agências do governo japonês e que até o próprio Ministério da Defesa do Japão não “sabe o que fazemos”.

 Provedores inteiros de serviço de Internet

Além disso, Gallagher revelou detalhes sobre uma das principais instalações da DFS, Tachiarai, localizada entre as cidades de Tachiarai e Chikuzen. Este centro de vigilância tem sido utilizado pelas autoridades japonesas para um programa secreto de vigilância à Internet com o codinome MALLARD.

De acordo com o jornalista, desde meados de 2012, o centro está coletando dados sobre sessões de Internet, bem como informações sobre potenciais ataques cibernéticos.

Segundo Richard Tanter, professor da Universidade de Melbourne, o centro pode vigiar mais de 200 satélites operados, entre outros, pela China, Rússia e Coreia do Sul. O professor destacou que até os satélites norte-americanos e europeus poderiam ser vigiados pelos sistemas da instalação de Tachiarai.

Edward Snowden, ex-agente de inteligência dos EUA, comentou ao repórter que os espiões da DFS têm como alvo “provedores inteiros de serviço de Internet” e não um só cliente.

Finalmente, Gallagher referiu-se a um porta-voz do Ministério da Defesa japonês, que disse que “as coletas de informações” do país são necessárias para a “segurança nacional” e são efetuadas “de acordo com as leis e regulamentos”.

Segundo Gallagher, os EUA continuam trabalhando em conjunto com agências de inteligência japonesas para monitorar a comunicação dos países asiáticos.

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