Onze dos 12 jovens resgatados de uma caverna na Tailândia deram os primeiros passos para serem ordenados monges noviços budistas. O treinador da equipe também será ordenado monge e só o menino cristão do grupo não participa da conversão religiosa.
Adul Sam-on, que é cristão, é o único dos jovens resgatados de uma gruta na Tailândia que não será ordenado monge noviço, reporta a BBC.
O treinador da equipe, que esteve durante 17 dias no complexo de grutas de Tham Luang, também participou da cerimônia pública em que os jovens tiveram a cabeça rapada e será igualmente ordenado monge.
O budismo é a principal religião da Tailândia e é seguido por mais de 90% da população.
“Limpeza espiritual”
Os jovens vão passar nove dias em mosteiros budistas diferentes, em meditação e oração, e fazendo trabalhos de limpeza – uma tradição para os homens tailandeses que enfrentam situações de adversidade. O nove é tido como número da sorte entre os tailandeses, o que justifica a duração da empreitada.
É uma espécie de “limpeza espiritual” para o grupo, que ficou mais de duas semanas preso em uma gruta inundada até ser resgatado, numa tensa e arriscada operação.
“Eles devem passar algum tempo no mosteiro. É para proteção deles“, explica à BBC o avô de um dos meninos, Seewad Sompiangiai. “É como se eles tivessem morrido, mas agora renasceram“, acrescenta.
Assim, os meninos cumprem uma promessa feita pelas famílias pelo seu regresso com vida, e também homenageiam o mergulhador tailandês que morreu quando participava da operação de resgate.
O técnico de futebol dos adolescentes, Ekkapol “Ake” Chantawong, também se junta ao grupo, mas como monge e não como noviço – uma vez que já tinha passado um período em um mosteiro como noviço.
Apesar de Chantawong ter sido criticado por ter levado os meninos para a caverna, também foi elogiado por ter ajudado o grupo, ensinando a eles técnicas de meditação para mantê-los calmos e usar a menor quantidade de ar possível durante os dias que passaram sozinhos, na escuridão e sem comida.
A extraordinária história do grupo resgatado foi acompanhada por milhões de pessoas em todo o mundo desde o dia 23 de junho, quando entraram na caverna após um treino de futebol e ficaram presos no local, por causa das cheias.
Finalmente, os jovens foram resgatados por mergulhadores experientes que os encaminharam através de passagens estreitas e submersas, e sempre sedados para não entrarem em pânico – a maioria deles não sabia nadar.
Foram necessários três dias para tirar todo o grupo da caverna, com a participação de centenas de voluntários, mergulhadores e militares.
O complexo de grutas onde tudo aconteceu foi fechado, mas as autoridades admitem que, no futuro, pode ser reaberto como uma atração turística.