O resgate das 12 crianças presas em uma caverna na Tailândia foi bem sucedido, tendo todas as crianças e seu treinador sido retiradas em apenas três dias. A missão, que poderia ter levado meses, terminou de forma muito mais rápida do que era prevista.
A última fase de salvamento da equipe de futebol dos Wil Boars foi retomada nesta terça-feira (10). A imprensa presente no local já relataram que todos os 13 rapazes saíram da gruta, tendo sido imediatamente direcionados para o hospital.
A Marinha Tailandesa escreveu nesta segunda-feira (9), no Facebook, que a equipe de futebol vai se reunir ainda hoje. Anunciado, pouco depois, que o resgate tinha sido completado com sucesso.
Inicialmente, as autoridades locais pensaram manter o grupo dentro da caverna até o fim do período das fortes chuvas que têm atingido a região. No entanto, a estação mais chuvosa do país está apenas começando e a possibilidade de a caverna inundar levou as equipes dos mergulhares a começarem de imediato a operação de salvamento.
A diminuição da chuva e dos níveis de água permitiram que as operações pudessem ser adiantadas. “Não há dia em que estejamos mais preparados do que hoje”, disse Narongsak Osottanakorn, chefe das operações no primeiro dia do resgate.
Na segunda, os mergulhadores conseguiram retirar mais 4 crianças da caverna, depois dos primeiros adolescentes terem saído no domingo.
O treinador Ekapol Chanthawong, de 25 anos, foi o último a ser retirado. O treinador “Ake”, como era conhecido, foi monge budista por uma década e, durante o tempo em que estiveram presos, ensinou as crianças a meditar, ajudando-as a se manterem calmas e preservarem energia.
Quando a equipe de mergulhadores britânica encontrou os jovens, eles estariam meditando, num exercício que tem ajudado a acalmar as crianças desde o dia 23 de junho, quando foram surpreendidas pela inundação parcial do complexo subterrâneo montanhoso Doi Nang Non, na Tailândia.
“Minissubmarino” de Musk “não é prático”
O multimilionário norte-americano Elon Musk entregou nesta segunda-feira à Marinha os “minissubmarinos” que tinha prometido, caso o plano inicial não funcionasse. Através do Twitter, o dono da Tesla, disse que as cápsulas criadas já estavam disponíveis, caso fosse necessário. Acrescentando: “A Tailândia é tão bonita”.
De acordo com Michael Safi, correspondente do The Guardian na Ásia, o chefe de operações no terreno reconheceu que a “tecnologia é boa”, mas “não é prática para a missão”. Apesar das suas potencialidades, as cápsulas só permitem transportar uma pessoa de cada vez. Além disso, e tendo em conta o tamanho, o treinador Ake não poderia ser transportado nos “minissubmarinos”.
Identidade das crianças não foi revelada
Desde o começo da operação de resgate, não foi divulgada a identidade das crianças que iam sendo resgatas. Nem mesmo os pais sabiam quais jovens já tinham sido resgatados ou que faltavam resgatar.
Só nesta terça é que as primeiras crianças – já resgatadas no domingo (8) – puderam ver seus pais, à distância através de uma janela de vidro do hospital onde se encontram se recuperando.
A informação foi sempre cuidadosamente difundida. A BBC aponta as razões principais para a conduta cautelosa que foi constante durante o resgate.
Durante a operação de salvamento, os pais da crianças estavam todos juntos nem m acampamento próximo da caverna. A identidade das crianças não foi sendo revelada à medida do resgate porque as autoridades queriam evitar que, enquanto alguns pais celebrassem a alegria de ver os filhos a salvo, outros vivessem na angústia minuto a minuto à espera de que os restantes fossem retirados da caverna.
Por outro lado, as autoridades também quiseram estabelecer um “cordão sanitário” para evitar a fuga de informações que pudessem prejudicar o resgate ou as próprias famílias, conta a BBC. O acesso a celulares, por exemplo, estava restrito apenas a alguns membros das equipes de resgate, sendo as informações compartilhadas apenas com um grupo restrito de pessoas.
No domingo, Narongsak Osottanakorn criticou a atuação de alguns veículos da mídia, que interceptaram escutas nas comunicações da polícia via rádio e que usaram drones para captar imagens de áreas restritas. Os pais das crianças seguem as indicações das autoridades tailandesas, mantendo-se reservados.
O cultura tailandesa ainda é conhecida pela modéstia e respeito. Assim, os pais das crianças valorizam os trabalhos que foram sendo feitos, respeitando a mobilização dos mergulhadores de forma a não comprometer as operações.
A BBC cita ainda um ditado tailandês: “Evitarás ofender quem te ajuda, pedindo mais do que este te dá”.
Ciberia, Lusa, BBC // ZAP