A Justiça da África do Sul condenou nesta sexta-feira (27) a 14 e 11 anos de prisão, respectivamente, os dois fazendeiros brancos que colocaram um homem negro em um caixão e o gravaram em vídeo enquanto ameaçavam lhe atear fogo.
O Tribunal Superior de Middleburg tornou públicas as sentenças após tê-los declarado culpados em agosto deste ano pelos crimes de tentativa de assassinato, sequestro, agressão e intimidação.
Um dos acusados, Theo Jackson, foi condenado a 14 anos de prisão, enquanto o outro, Willem Oosthuizen, foi sentenciado a 11 anos.
Durante a leitura pública da resolução, a juíza do caso, Segopotje Mphahlele, descreveu os crimes como “abomináveis” e ressaltou o fato de os condenados terem sido capazes de uma conduta assim apesar de terem passado a maior parte das suas vidas em uma África do Sul democrática.
“A população deve ser capaz de sentir que a Justiça está progredindo seriamente em manter condições de vida pacíficas e seguras”, argumentou a magistrada.
O vídeo da agressão contra Mlotshwa foi divulgado em novembro de 2016 pelo tabloide Daily Sun, o de maior tiragem do país e muito popular entre a população negra.
Nele, dois homens brancos vestidos da maneira tradicional dos fazendeiros sul-africanos dizem em afrikaans à vítima que vão a banhá-la com petróleo, além de ameaçar colocar uma serpente no caixão.
A vítima permanece em silêncio no início, mas depois começa a soluçar aterrorizada quando um dos dois fazendeiros tenta fechar o caixão empurrando a tampa contra sua cabeça.
O incidente provocou uma condenação generalizada dos partidos políticos e da sociedade civil da África do Sul, um país ainda profundamente marcado pela tensão racial mais de duas décadas depois da queda do regime segregacionista do apartheid (1994).
As cicatrizes do passado de dominação branca e as desigualdades são ainda muito evidentes na África do Sul apesar dos avanços gradativos conquistados na era democrática.
Ciberia // EFE