Quase 200 pessoas se reuniram nesta segunda-feira (1º) na pequena cidade de Anguillara Veneta, norte da Itália, para protestar contra a concessão do título de cidadão honorário ao presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que recebe a homenagem em uma cerimônia oficial.
Sob uma chuva persistente e em meio à neblina, representantes de vários partidos de esquerda, assim como do sindicato CGIL e da associação antifascista ANPI, protestaram com bandeiras e cartazes contra a honraria ao presidente brasileiro de extrema direita.
“Que visite a cidade de onde vem sua família é justo, mas não que o apresentem como um modelo a seguir com a concessão do título de cidadão honorário”, criticou Antonio Spada, vereador da oposição.
Ele fez um apelo de última hora para as autoridades locais: “Pedimos para suspender o título de cidadão honorário por precaução. Uma pessoa que neste momento é acusado pelo Senado brasileiro de crimes contra a humanidade, é inoportuno receber um título como este”, disse em entrevista à RFI .
Andrea Segalla, que trabalha em uma escola em Anguillara, segurava um cartaz com as palavras “Misógino – Racista – Xenófobo = Fascista“. “Bolsonaro não respeita as mulheres e os direitos humanos. Não queremos ele aqui” disse Segalla.
Homenagem em reduto da extrema direita
“Fora Bolsonaro”, afirmava um cartaz, enquanto outro, escrito a mão, declarava “Anguillara ama o Brasil, mas não Bolsonaro”.
Entre os manifestantes mais indignados estava o missionário italiano Massimo Ramundo, que viveu por 20 anos no Brasil, 12 deles no Maranhão, estado que tem 34% do território ocupado pela floresta amazônica.
“É uma vergonha. Estou furioso com a prefeita desta cidade. Ela não sabe o que Bolsonaro fez e disse, não escutou suas declarações de teor racista, contra os indígenas, os vacinados, as mulheres. Além disso, ele quer que a Amazônia seja um negócio. Não respeita os valores do papa Francisco”, afirmou o religioso.
Andrea Segalla, que trabalha em uma escola em Anguillara, segurava um cartaz com as palavras “Misógino – Racista – Xenófobo = Fascista”. “Bolsonaro não respeita as mulheres e os direitos humanos. Não queremos ele aqui” disse Segalla.
Pequenos grupos de simpatizantes do presidente também compareceram à manifestação, organizada na cidade de onde sua família emigrou há mais de um século.
Com chapéus e bandeiras do Brasil, os simpatizantes do presidente, em menor número, preparam-se para defender a homenagem. “É um grande presidente e tem o direito, porque é descendente de italianos. Tudo o que a CPI (do Senado) fala dele é mentira”, afirmou o brasileiro Cláudio Resende, de 65 anos, que mora na Itália há 17 anos.
Estou aqui para dizer que não está sozinho”, declarou Silvana Kowalsky, 50 anos, que viajou de Vicenza, a 85 quilômetros de distância, para expressar seu apoio.
Ao saber que Bolsonaro iria receber o título na Villa Arco Del Santo, a 4km do centro, eles se dirigiram os local. Na estradinha na frente deste antigo casarão cerca de cem apoiadores esperavam o presidente cantando o hino nacional e gritando “Mito! Mito!”
Bolsonaro chegou em torno ao meio dia (8h em Brasília) acompanhado por uma grande comitiva e escoltado por diversos carros de segurança. Depois de entrar nar no pátio da Villa, ele desceu do carro e veio em direção aos frenéticos apoiadores. Em seguida entrou no casarão para o almoço com a prefeita Alessandra Buoso e recebeu o título de Cidadão Honorário.
// RFI