O milagre de São Januário, que se repete há 627 anos numa catedral de Nápoles, na Itália, este ano não aconteceu. O sangue do santo, que é guardado dentro de um frasco histórico, não se liquidificou.
São Januário foi um bispo de Nápoles que, por volta do ano 305, foi martirizado durante uma perseguição. Seu sangue é mantido numa ampola de vidro e é aberto três vezes por ano: 19 de setembro, 16 de dezembro e no sábado antes do primeiro domingo de maio.
Quando a ampola é aberta, o sangue liquidifica, fenómeno que é considerado um “milagre laico”, o Milagre de São Januário, que ocorre regularmente desde 1389.
Segundo reza o milagre, o sangue liquefaz-se a 16 de dezembro porque, nessa data, em 1631, o santo conseguiu que a cidade não fosse afetada pela erupção do vulcão Vesúvio.
Mas, segundo o jornal local La Stampa, no dia 16 de dezembro desse ano, quando o monsenhor Vincenzo de Gregorio, abade da capela e guardião da relíquia, a colocou na vitrine em frente aos fieis, o sangue de São Januário não se liquidificou.
Quando o milagre não aconteceu, monsenhor de Gregorio manteve a calma. “Não devemos pensar sobre desastres e calamidades. Nós somos homens de fé e temos que continuar a orar”, disse o abade.
A falha do milagre é uma previsão de tragédias, estando ligada a momentos adversos da cidade ou do mundo: a chegada de uma epidemia de cólera em 1973, o terremoto na região de Irpinia, em 1980, o começo da Segunda Guerra Mundial, em 1939; a ida da Itália à Guerra em 1940; e a ocupação do país pelos nazistas, em 1943.
Em 2015, o milagre repetiu todas as vezes – inclusivamente quando o Papa Francisco visitou a capela, em março, data em que geralmente o sangue não é aberto.