Missão suicida: satélite queimará na atmosfera da Terra, mas por uma boa causa

ESA

Na próxima semana, a Agência Espacial Europeia (ESA) vai destruir um satélite, lançando-o em direção à atmosfera da Terra, só para vê-lo queimar durante a reentrada. Sim, tudo de propósito. Trata-se de um experimento muito útil para entender melhor a física que envolve a queima de objetos quando eles são atraídos para a atmosfera do planeta.

Batizado de Qarman (abreviação para “QubeSat for Aerothermodynamic Research and Measurements on Ablation”), o cubesat é do tamanho de uma caixa de sapatos e seu design foi desenvolvido exclusivamente para se transformar em uma bola de fogo, mas sem queimar rápido demais.

O segredo para essa queima um pouco mais lenta é um “nariz” feito de um tipo especial de cortiça, normalmente usado em sistemas de proteção térmica em naves espaciais. Testes em solo mostram que, quando a cortiça aquece, ela se carboniza e descama um pouco de cada vez.

Além disso, o Qarman também tem vários sensores e câmeras para medir a temperatura, pressão e fluxo de calor do cubesat enquanto ele queima. Alguns dos instrumentos estão protegidos dentro de um compartimento feito de carbono cerâmico e aerogel para sobreviver à reentrada. Também há quatro painéis solares projetados para aumentar o arrasto atmosférico e acelerar a reentrada.

Levado à Estação Espacial Internacional (ISS) em dezembro, o Qarman será lançado de volta em direção à Terra no dia 17 de fevereiro. Então vagará lentamente em nossa direção durante seis meses e, por fim, entrará na atmosfera. “Quando o processo de reentrada começar, a cerca de 90 km de altitude, os painéis manterão a orientação do satélite estável, minimizando qualquer queda”, explica Olivier Chazot, chefe do Departamento Aeroespacial do Instituto Von Karman, na Bélgica.

O design do pequeno cubesat “ajudará a focar o aquecimento no nariz quadrado feito de cortiça – não do tipo que você encontra em garrafas de champanhe, mas uma variedade aeroespacial cuidadosamente adaptada, fornecida pela empresa portuguesa Amorim e usada em vários sistemas de proteção térmica de naves espaciais”.

Os dados coletados da destruição do cubesat poderão ser usados ​​para melhorar a blindagem das espaçonaves. No entanto, há um objetivo maior nesse experimento: ele pode ajudar a resolver o problema do lixo espacial, que pode chegar a um milhão de pedaços de entulho vagando acima de nós. O sacrifício do Qarman poderá ajudar na construção de satélites projetados para queimar completamente ao final de suas vidas úteis, o que ajudará a reduzir a quantidade de lixo na órbita terrestre.

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