O norte da Espanha é uma das zonas previstas para o impacto, mas a “probabilidade de alguém ser atingido por destroços da Tiangong-1 é um milhão de vezes menor do que a probabilidade de ganhar na loteria”.
Nas duas primeiras semanas de abril, a estação espacial enviada ao espaço pela China, Tiangong-1, entra em rota de colisão com a Terra, podendo atingir o norte da Espanha, de acordo com a Aerospace Corporation.
Por outro lado, a Agência Espacial Europeia aponta para 24 de março a 19 de abril.
De acordo com o relatório da Aerospace Corporation, um instituto sem fins lucrativos financiado pelos EUA para fiscalizar atividades espaciais, “a probabilidade de uma pessoa específica ser atingida por destroços da Tiangong-1 é cerca de um milhão de vezes menor que as probabilidades de ganhar na loteria”.
“Na história dos voos espaciais não se tem conhecimento de qualquer pessoa que algum dia tenha ficado ferida na sequência da reentrada de detritos espaciais na atmosfera. Até hoje, só houve registro de uma pessoa atingida por um desses detritos e, felizmente, não ficou ferida”, destaca o relatório.
No entanto, o mapa que o acompanha traça as potenciais zonas de impacto do módulo que pesa 8,5 toneladas. Felizmente para nós, há a probabilidade de, ao entrar na atmosfera, a Estação Espacial chinesa se deteriorar, ainda que os especialistas não estejam muito convencidos disso.
Entre as possíveis zonas de impacto estão o norte da China, o Oriente Médio, o centro da Itália ou o norte da Espanha, a par da Nova Zelândia, Tasmânia, algumas partes da América do Sul e o sul da África.
A Tiangong-1 foi lançada ao espaço em 2011 e foi a primeira estação enviada por aquele país para explorar o espaço.
Analistas dentro e fora do país a descreverem como um “símbolo político potente” da China moderna numa altura em que está cada vez mais investida em se tornar uma superpotência espacial. Em 2012, foi visitada pela primeira mulher astronauta da China, Liu Yang. Antes e depois disso, foi alvo de uma série de missões com e sem tripulação.
Em setembro de 2016, a China admitiu que tinha perdido o controle da estação e que não seria capaz de controlar sua reentrada na atmosfera. Ou prever onde iria cair.
De acordo com as declarações de Jonathan McDowell ao The Guardian “a Tiangong-1 é grande e densa e portanto é preciso manter isso debaixo de olho” – sobretudo considerando que a trajetória descendente da Tiangong-1 tem aumentado de velocidade nos últimos meses, tendo passado de uma queda a 1,5 quilômetro por semana em outubro para os 6 quilômetros por semana registrados no último mês.
Por causa disto e também por causa das constantes alterações meteorológicas no espaço, é difícil antever onde o módulo chinês poderá cair. “Só na semana final do percurso descendente é que vamos conseguir falar sobre isso com maior confiança”, refere McDowell. “Diria que vários pedaços vão sobreviver à reentrada, mas só saberemos onde vão cair depois da reentrada.”
Essa não é a primeira vez que algo do gênero acontece. Em 1991, a Salyut 7, estação espacial da União Soviética com 20 toneladas, caiu na Terra, na época ainda com a nave Cosmos 1686 acoplada a ela. Os destroços caíram sobre a Argentina, atingindo em particular uma pequena localidade chamada Capitán Bermúdez.
Antes disso, em 1979, uma estação espacial da NASA com 77 toneladas, a Skylab, já tinha entrado em uma rota descendente descontrolada em direção à Terra, com algumas partes da nave caindo nos arredores de Perth, no oeste da Austrália.
Além da possibilidade de seus destroços atingirem alguém, a Tiangong-1 representa ainda outro problema. De acordo com o CanalTech, a Estação Espacial está repleta de substâncias tóxicas, como a hidrazina, altamente cancerígena, que podem se espalhar pelo planeta, assim que a Tiangong-1 entre em contato com a Terra.
De forma a evitar danos físicos e químicos, um grupo de cientistas chineses considera explodir a nave com raios laser antes de ela entrar na atmosfera terrestre.
Normalmente, satélites entram em combustão assim que chegam à atmosfera, mas, para desespero dos cientistas, essa não é a situação da Tiangong-1. Os chineses acreditam que, por ser tão grande, a nave chegará intacta ao solo ou a algum oceano da Terra.
Ciberia // ZAP