Uma equipe internacional de cientistas descobriu a origem dos misteriosos crânios alongados encontrados na Baviera, na Alemanha. Depois de análises de DNA aos restos humanos enterrados há mais de 500 anos, concluíram que as mulheres com deformações cranianas eram imigrantes.
O grupo internacional de pesquisadores se debruçou sobre os vestígios de 36 homens e mulheres que foram enterrados em 41 cemitérios da Baviera, mais ou menos por volta do ano 500. Destes, 14 dos esqueletos apresentavam sinais de deformidade no crânio, sendo mais alongados que o habitual.
A análise dos genomas desses restos mortais revelou que os homens tinham muitas semelhanças com os europeus modernos, enquanto as mulheres apresentavam uma grande diversidade genética, escrevem os cientistas no artigo publicado nos Proceedings of the National Academy of Sciences.
Os dados apurados indicam que a maioria dos homens tinha “uma ascendência que se assemelha muito com os europeus modernos do norte e centro” do Velho Continente, enquanto as mulheres revelam “uma heterogeneidade genética muito alta”, referem os autores do estudo.
A conclusão dos cientistas é que “a mais provável origem da maioria dessas mulheres era o sudeste da Europa“, até porque também apresentavam “características visíveis” muito diferentes umas das outras.
As deformações no crânio seriam um sinal da proveniência do leste europeu, revelando a herança cultural herdada dos Hunos, povo proveniente da Ásia que invadiu o Velho Continente.
A prática de alongamento do crânio, aplicada sobretudo nas mulheres, por se acreditar que ficavam mais bonitas e que revelava um estatuto social superior, foi implementada entre os povos que viviam na zona da atual Romênia, por volta do século II.
Entre os séculos IV e VII, a Europa viveu um período de grandes migrações, fruto da fuga às invasões dos Hunos, mas também devido a ondas de frio e à escassez de alimentos em certas regiões.
A pesquisa levada a cabo em torno dos vestígios humanos da Baviera reflete esses “processos demográficos complexos durante o primeiro período medieval”, sustentam os autores do estudo. As migrações podem, assim, ter contribuído, “de forma inesperada”, para “moldar o panorama genético europeu moderno“, concluem.
Ciberia // ZAP