“Quando as pessoas souberem, vão perguntar quem foi que colocou aquilo lá.”
A frase é de ninguém menos que Buzz Aldrin, o segundo homem a pisar na superfície da Lua, logo após Neil Armstrong, em 1969.
Aldrin se referia a uma peculiar e solitária rocha que existe na superfície de Fobos, uma das luas de Marte. E estava certo: muita gente que gosta de mistérios espaciais especula sobre o misterioso monólito na superfície do satélite.
Inevitavelmente, há teorias da conspiração envolvendo alienígenas. E a formação deu até título para um álbum de Sean Lennon, o filho mais novo de John Lennon.
Mas o que se sabe sobre a rocha, afinal?
Parece ser uma grande pedra – a altura já foi estimada em 90 metros. Está situada em uma região vazia de Fobos, o que provavelmente faz o monólito ter tanto destaque na paisagem.
Só que a comunidade científica não vê essas formações como evidência da existência de civilizações alienígenas.
Forças erosivas naturais podem explicar outras formações misteriosas já vistas em Marte, como uma pirâmide e o famoso “rosto” durante anos enxergado na superfície do planeta – na verdade, uma combinação entre rochas e sombras.
Até porque, quando analisadas mais de perto ou de ângulos diferentes, as formações não parecem tão incomuns assim.
Estilhaço
O monólito possivelmente se trata de uma espécie de estilhaço formado como consequência de um impacto.
Há evidências de que Fobos já foi atingida por meteoros e mesmo por detritos vindos da superfície de Marte, já que o satélite fica a apenas 6 mil km do planeta (a Terra e a Lua estão separadas por 384 mil km, em comparação).
Mas o monólito pode não ter sido formado por um impacto, e sim ser uma protuberância da crosta da lua que varou a superfície.
Essa ideia já foi discutida por cientistas explorando as possibilidades de uma missão a Fobos. Se a hipótese for correta, o monólito pode conter pistas sobre a origem da Lua – e isso é algo interessante, pois o satélite marciano é um dos corpos celestes mais misteriosos do Sistema Solar.
Marte tem outra lua, Deimos. E não está muito claro como ela e Fobos surgiram – ambas são irregulares no formato e se parecem mais com asteroides capturados pelo campo gravitacional do Planeta Vermelho.
Mas as luas orbitam Marte de uma forma incompatível com essa hipótese.
Uma teoria alternativa é de que as elas foram formadas com o mesmo material do planeta, mas medições científicas revelaram que Fobos é bem menos denso que as típicas formações rochosas marcianas, o que levou alguns cientistas a acreditarem que as duas luas surgiram a partir de um impacto devastador na superfície de Marte.
Especula-se que foi um evento deste tipo que criou a Lua terrestre, mas o nosso satélite é grande, enquanto Fobos e Deimos têm dimensões modestas. Ou seja: um impacto devastador deveria ter dado a Marte satélites mais graúdos.
Dois estudos publicados este ano podem ter resolvido o mistério. Ambos concluem que a terceira hipótese é a mais correta – um dos estudos apresenta evidência de que as luas não são asteroides capturados, e o outro apresenta um cenário detalhado da formação delas.
O impacto, aparentemente, gerou uma lua grande e essa lua “encorajou” a formação de Fobos, Deimos e vários outros satélites.
Eventualmente, a grande lua e todas as outras, com a exceção das hoje existentes, chegaram tão perto da superfície de Marte que acabaram desintegrando-se. Expedições a Fobos e ao monólito podem testar a hipótese.
No ano passado, a Nasa, a agência espacial americana, publicou estudos sugerido que Fobos está se desfazendo lentamente.
Sulcos em sua superfície podem ser sinais do processo. Mas uma missão a Fobos não tem que ser uma corrida contra o relógio: serão necessários pelo menos de 30 milhões a 50 milhões de anos para que a misteriosa lua marciana se desintegre.
// BBC