O estilista francês Pierre Cardin, um costureiro visionário e pioneiro do prêt-à-porter, morreu nesta terça-feira (29) aos 98 anos. Ele estava internado no hospital americano de Neuilly-sur-Seine, a oeste de Paris.
A família de Pierre Cardin divulgou uma nota sobre seu falecimento na qual presta uma homenagem calorosa.
“Dia de grande tristeza para toda a nossa família, Pierre Cardin se foi. O grande costureiro que ele foi, atravessou o século deixando à França e ao mundo uma herança artística única na moda, mas não só”, diz o texto.
“Todos temos orgulho da sua ambição tenaz e da ousadia que demonstrou ao longo da vida. Homem moderno de muitos talentos e energia inesgotável, ele aderiu cedo ao fluxo da globalização de bens e das trocas comerciais”, continua a nota.
“Suprema consagração, ele (foi) o primeiro costureiro a entrar na Academia de Belas Artes francesa, fazendo com que a moda fosse reconhecida como arte. A espada [do traje] de acadêmico que ele mesmo criou [para a ocasião], traz gravados os símbolos do seu sucesso”, conclui o comunicado da família.
Filho de imigrantes italianos, Cardin começou sua carreira como assistente de Christian Dior, antes de lançar sua marca em 1950. Pioneiro no mercado global, ele foi o primeiro estilista da alta-costura a abrir um “corner” em uma loja de departamento e a colocar homens na passarela, além de apresentar suas criações no Japão desde 1957, quando o continente asiático ainda era um mistério para os estilistas ocidentais.
Com seu estilo futurista, Cardin licenciou sua marca em larga escala, garantindo a distribuição de suas roupas e de sua visão sobre a moda em todo o mundo. Ele inscreveu seu nome em produtos tão diversos como gravatas, cigarros, perfumes ou água mineral. A estratégia chegou a ser criticada pelos puristas, que não apreciavam a banalização de um nome ligado à alta-costura.
Em 1994, o jornalista Silvano Mendes, da RFI, entrevistou Pierre Cardin. O estilista ainda estava em plena atividade e, diariamente, visitava os ateliês de criação situados ao lado do Palácio do Eliseu, sede da presidência francesa.
Além de sua longa carreira na moda, Cardin era muito ativo no mundo das artes, mecenas de diversos eventos, entre eles um festival de teatro, dança e música clássica que ele fundou na cidade de Lacoste, no sul da França. O espaço cultural que ele criou em Paris e que levava seu nome também acolheu grandes nomes do mundo de espetáculo.
“Ele era um gênio da moda, capaz de uma audácia criativa maravilhosa, um príncipe que revolucionou o mundo da costura”, disse o ex-ministro da Cultura, Jack Lang. Seu último desfile de alta costura aconteceu em julho de 2016.
// RFI