Pesquisadores da Instituição Oceanográfica Woods Hole sugeriram que a antiga civilização do Vale do Indo, que se desenvolveu entre 3.300 e 1.300 anos a.C, desapareceu devido à migração causada pelas mudanças climáticas.
A civilização, também conhecida como Harappa, é a civilização mais antiga do mundo, tendo vivido na região do Paquistão, Afeganistão e noroeste da Índia. Recentemente, uma equipe de arqueólogos desvendou o mistério da sua longevidade – mas ainda ninguém tinha descoberto o motivo do seu desaparecimento.
Os Harappas construíram cidades sofisticadas, inventaram sistemas de esgoto antes da antiga Roma e desenvolveram um comércio de longa distância.
No entanto, por volta de 1800 a.C, seus membros deixaram as cidades e se mudaram para cidades menores perto dos Himalaias. De acordo com o estudo, publicado este mês na revista Climate of the Past, teriam sido as mudanças climáticas o motivo do esgotamento gradual da monção de verão e a intensificação das monções de inverno.
A equipe estudou sedimentos do fundo do mar ao largo da costa do Paquistão, onde encontrou fósseis de plâncton, que verificava a teoria de que a mudança na precipitação sazonal ocorreu naquela época.
De acordo com Liviu Giosan, líder do estudo, “as monções de verão inconstantes prejudicou a agricultura no Indo”. Apesar de chover em menor quantidade nos Himalaias, “pelo menos seria confiável“.
O fim definitivo
O pesquisador observou que ainda é desconhecido se “os Harappas migraram para o sopé dos Himalaias em uma questão de meses, ou se essa migração ocorreu durante séculos”. “O que sabemos é que quando foi concluída, o estilo de vida urbano também acabou“, disse Giosan.
As chuvas dos Himalaias foram suficientes para manter a antiga civilização durante os séculos seguintes, mas quando também se esgotaram, a comunidade chegou ao fim definitivamente.
“Não podemos dizer que desapareceram completamente devido ao clima”, alertou o geólogo. No entanto, apontou que a mudança nas monções poderia desempenhar um papel nesse processo.
“É notável e há uma lição poderosa“, observou Giosan. “Se olharmos para a Síria e para a África, a migração dessas áreas tem algumas raízes nas mudanças climáticas. Isso é apenas o começo – o aumento do nível do mar devido às mudanças climáticas pode levar a enormes migrações de regiões baixas como o Bangladesh, ou de regiões mais propensas a furacões no sul dos EUA”.
Ciberia // ZAP
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