Música pop: a “arma psicológica” que faz soldados norte-coreanos fugirem

Jin-Hee Park / EPA

Soldado sul-coreano junto aos altofalantes instalados pela Coreia do Sul na zona desmilitarizada de Paju, a norte de Seul

Mais de mil soldados norte-coreanos fogem para a Coreia do Sul todos os anos, geralmente a partir de rotas através da China. Um potente sistema de alto-falantes no país vizinho é uma das armas utilizadas para impulsionar esta situação.

Todos os dias, durante várias horas, a partir da Zona Desmilitarizada da Coreia (DMZ), um potente sistema de alto-falantes transmite notícias sobre a desenvolvida Coreia do Sul, a próspera vida que se leva por lá e ainda as famosas canções pop de bandas nacionais.

Exemplos disso são a banda feminina Apink, a cantora IU, a banda masculina Big Bang ou o mundialmente famoso “Gangnam Style”, da autoria do sul-coreano Psy.

Nos últimos dias, o tema transmitido foi precisamente a deserção do soldado norte-coreano que, baleado pelos colegas durante a fuga, conseguiu ultrapassar a fronteira e se encontra agora em recuperação em uma unidade hospitalar do país vizinho.

De acordo com o The Diplomat, foi precisamente esta “arma psicológica” que reforçou a vontade do desertor em escapar finalmente do regime de Pyongyang, bem como de muitos outros soldados que já estiveram na mesma situação.

Em declarações à publicação, um guarda norte-coreano, que também fugiu em junho passado, afirma que se apaixonou pela Coreia do Sul “desde que começou a ouvir os alto-falantes”.

A transmissão recomeçou, em agosto de 2015, depois de 11 anos de silêncio, por ordem da ex-presidente sul-coreana, Park Geun-Hye, destituída, devido a uma escalada de tensão na península.

A propaganda do Sul tem se revelado uma grande “dor de cabeça” para o regime norte-coreano, uma vez que desmoraliza sua população, confinada a um país pobre, com um regime opressor e que não oferece quaisquer condições de vida.

É importante lembrar que os médicos encontraram várias lombrigas intestinais no corpo do soldado desertor, que contribuíram para infectar os órgãos afetados pelos tiros. O paciente também mostrou sintomas de “estresse severo e depressão”.

Segundo o Gizmodo, o regime de Kim Jong-un também tem um sistema de propaganda semelhante, porém, deixa muito a desejar devido à baixa qualidade do equipamento.

Dias depois da deserção, vários soldados foram vistos cavando uma trincheira na Zona Desmilitarizada, colocaram uma barreira móvel na respectiva estrada e estão erguendo um novo posto de guarda na sua zona de controle. Eles também têm percorrido aquele trajeto “para detectarem e corrigirem eventuais falhas”.

Cerca de 30 mil soldados desertaram para o Sul desde o final da guerra (1950-53), mas a maior parte usou rotas de fuga através da China, sendo este um caso incomum.

Ciberia // ZAP

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