NASA quer lançar um escudo magnético gigante para tornar Marte habitável

NASA Goddard Space Flight Centre

Conceito artístico do escudo magnético gigante na atmosfera de Marte (à direita)

Cientistas da NASA têm um plano ousado para recuperar a atmosfera de Marte para que ele seja habitável para seres humanos.

A ideia, por enquanto apenas especulativa, é lançar um gigantesco escudo magnético para proteger o planeta dos ventos solares, da mesma forma que a magnetosfera da Terra nos protege das partículas carregadas do vento solar.

A agência diz que desta forma o ambiente do planeta ficará mais parecido com o da Terra, e que a água pode voltar a correr na forma líquida na superfície do planeta Vermelho.

Marte pode ser um deserto inóspito hoje em dia, mas ele já teve uma grossa atmosfera capaz de manter oceanos profundos e um clima agradável, potencialmente habitável.

Cientistas acreditam que o planeta perdeu tudo isso quando seu campo magnético entrou em colapso há bilhões de anos, e os vento solares continuam levando embora os componentes da atmosfera, que são em sua maioria dióxido de carbono (95%), nitrogênio (2.7%), argônio (1.6%). O vapor d’água constitui 0.03% dela.

Este plano foi apresentado no Planetary Science Vision 2050 Workshop, que aconteceu entre os dias 27 de fevereiro e 1º de março na base da NASA, em Washington DC. O diretor da divisão de ciência planetária, Jim Green, afirmou no evento que enviar uma magnetosfera artificial para Marte poderia hipoteticamente proteger o planeta.

“Essa situação elimina qualquer processo de erosão por vento solar que acontece na atmosfera superior do planeta, permitindo que ela cresça em pressão e temperatura com o tempo”, explicou ele.

A ideia surgiu a partir da pesquisa de magnetosfera em miniatura que está sendo conduzida para proteger astronautas e naves da radiação cósmica.

Nas simulações dos pesquisadores, se os ventos magnéticos fossem desviados pelo campo magnético, a atmosfera do planeta pararia de perder seus componentes, e a atmosfera recuperaria metade da pressão atmosfera da Terra em poucos anos.

Com a recuperação da atmosfera, o planeta ficaria em média 4ºC mais aquecido, o suficiente para derreter o dióxido de carbono congelado na calota polar norte do planeta.

Assim, esse carbono, livre na atmosfera, poderia ajudar a segurar mais calor na superfície, causando efeito estufa que derreteria a água congelada do planeta, fazendo com que ele voltasse a ter rios e oceanos líquidos.

Se tudo isso acontecesse, em poucas gerações humanas já seria possível observar características habitáveis semelhantes às da Terra no nosso planeta vizinho.

“Isso não é terraformação da forma que você pode pensar, de que vamos artificialmente mudar o clima, mas vamos deixar a natureza fazer isso. E fazemos isso com base na física que conhecemos hoje”, explicou Green no evento.

A equipe admite que, por enquanto, o plano é bastante hipotético, mas é uma visão muito interessante do que pode ser possível no futuro. Os pesquisadores planejam continuar estudando as possibilidades para ter uma estimativa mais acurada de quanto tempo seria necessário para observar as mudanças.

“Assim como a Terra, uma atmosfera maior poderia: permitir mais objetos na superfície, proteger contra radiação da maioria das partículas solares, estender a habilidade de extração de oxigênio, e prover efeito estufa que permite a produção de plantas, apenas para nomear algumas coisas”, dizem os pesquisadores.

“Se isso pudesse ser atingido no tempo de uma vida humana, a colonização e Marte não estaria longe”, acrescentam.

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