Hackers russos estariam planejando uma nova onda de ataques contra a organização das Olímpiadas de 2020, que aconteceriam neste ano, no Japão, e foram transferidas para 2021 devido à pandemia do novo coronavírus. Mais uma vez, o motivo seria uma retaliação ao banimento de atletas do país sob acusações de doping, em uma campanha que contaria com o apoio do próprio governo da Rússia.
A acusação, desta vez, foi feita pelo governo do Reino Unido, que aponta uma série de operações de “reconhecimento” que teriam sido realizadas por um grupo chamado Sandworm. Na mira estariam os organizadores, patrocinadores e serviços de logística envolvidos nas Olimpíadas e nas Paralimpíadas, que acontecem na sequência e também foram adiadas para 2021.
O documento remonta a outro caso semelhante, registrado durante os últimos Jogos de Inverno, realizados em 2018 na Coeria do Sul.
Na ocasião, o governo dos Estados Unidos acusou a Rússia de lançar um ataque hacker que afetou os sistemas durante a abertura da competição, dificultando o acesso de espectadores à cerimônia e causando falhas na transmissão ao vivo do evento, bem como no acesso à internet por jornalistas, membros da equipe e até mesmo visitantes do site oficial. O motivo, novamente, foi o banimento da delegação russa por acusações de doping.
Também nesta segunda (19), o Departamento de Justiça dos Estados Unidos anunciou o indiciamento de seis pessoas pelo envolvimento com o Sandworm e diferentes operações de hacking, incluindo o ataque às Olímpiadas de Inverno.
De acordo com o governo americano, os criminosos estariam envolvidos em operações internacionais voltadas para interesses políticos do governo da Rússia, bem como planejando novos ataques contra eventos de importância.
Entre as ocorrências que contaram com o envolvimento do grupo estão ataques à infraestrutura de energia da Ucrânia, a desfiguração de sites oficiais do governo da Georgia, a criação do malware NotPetya e tentativas de interferir nas eleições de 2017, na França.
Com o uso do malware OlympicDestroyer, ainda, fazem parte do indiciamento os ataques aos Jogos de Inverno de 2018 e golpes voltados a dificultar as investigações sobre o envenenamento do ex-espião Sergei Skripal, juntamente com sua filha, Yulia. Foi este o caso, também de dois anos atrás, que levou ao envolvimento direto do governo do Reino Unido na guerra cibernética russa.
Segundo o relatório do Departamento de Defesa, o Sandworm estaria ligado diretamente à agência de inteligência das Forças Armadas da Rússia, trabalhando na internet em prol dos interesses políticos e internacionais do país.
O indiciamento dos seis militares, então, vem como uma tentativa de tirar da operação alguns dos responsáveis por tais golpes, em uma investigação que também conta com a participação de forças de segurança do Reino Unido, que confirmou o processo em seu próprio comunicado, bem como outros países.
Como resultado das investigações, seis oficiais de inteligência foram indiciados por crimes de conspiração para cometer fraude digital e roubo de identidade — um deles, inclusive, já respondia a crimes semelhantes pelo envolvimento em tentativas de manipular as eleições americanas de 2016. De acordo com o governo americano, nenhum dos processados está preso.
Além de publicarem o alerta e revelarem a participação na investigação que levou ao indiciamento, o Reino Unido levantou um alerta sobre a possibilidade de os ataques que deveriam ter acontecido neste ano ainda serem realizados em 2021. Na visão do Reino Unido, há um alerta frequente quanto às operações do Sandworm e os organizadores dos Jogos foram informados sobre a possível iminência de golpes, principalmente tentativas de ransomware ou roubo de dados de atletas, patrocinadores e público.
O banimento da delegação russa foi confirmado em 2016, devido à descoberta de um programa estatal de doping. Os atletas do país que passaram pela análise puderam competir nos Jogos Olímpicos de 2016, que aconteceram no Brasil, mas de forma independente e sem carregarem as cores de seu país de origem; o mesmo deve acontecer agora, nos Jogos de 2020 que acontecerão no ano que vem.
Até lá, a Rússia tenta reverter a decisão por meio de uma apelação ao Tribunal Arbitral do Esporte, entidade que regula eventos e práticas esportivas internacionais.
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