Novo vírus poderia matar 900 milhões de pessoas em todo o mundo

Nem os países mais desenvolvidos, como os EUA, estão preparados para lidar com uma pandemia global, em um cenário de propagação de um novo vírus, não muito diferente do que provoca a simples gripe. Esta é a conclusão de uma simulação que prevê que poderiam morrer 900 milhões de pessoas em todo o mundo.

O projeto intitulado Clade X, nome atribuído ao vírus simulado e classificado como “moderadamente contagioso” e “moderadamente letal”, foi desenvolvido pelo Centro Johns Hopkins para a Segurança da Saúde Global, em parceria com responsáveis políticos dos EUA e com profissionais de saúde do país, contando também com a participação da antiga diretora do Centro norte-americano para o Controle de Doenças e Prevenção, Julie Gerberding.

A iniciativa tem como objetivo “identificar compromissos políticos de longo prazo” que ajudem a “fortalecer a preparação e a mitigar o riscoassociado a pandemias, no caso de a prevenção fracassar, de acordo com o site do Centro Johns Hopkins.

As conclusões retiradas da simulação de um surto provocado por esse novo vírus Clade X são preocupantes.

Ao fim de 20 meses, o novo vírus teria levado à morte 150 milhões de pessoas em todo o mundo. E se não se conseguisse produzir prontamente uma vacina eficaz, o número de mortes poderia chegar aos 900 milhões, ou seja, 10% da população mundial.

Os cientistas envolvidos no projeto comparam o novo vírus ao que provoca a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) e que teve uma taxa de mortalidade de cerca de 10%, infectando mais de 8 mil pessoas entre 2002 e 2003.

A SARS é causada por um tipo de coronavírus que geralmente provoca sintomas semelhantes a uma gripe, como febre, dores de cabeça e musculares e tosse. Mas na SARS, esses sintomas assumem proporções mais graves, com os casos mais sérios envolvendo grandes dificuldades respiratórias e, no pior dos cenários, resultando na morte.

O Clade X seria contagioso através da tosse, apresentando sintomas como febre e um estado de confusão. Nos casos mais graves, provocaria encefalia, atirando os pacientes para um coma fatal, como relata o Business Insider que reporta as conclusões da simulação.

O cenário hipotético em torno do novo vírus é “bastante possível”, como nota o cientista Eric Toner, do Centro Johns Hopkins para a Segurança da Saúde Global, e que foi o responsável por projetar o surto da simulação.

“Aprendemos que, mesmo responsáveis públicos sêniores muito conhecedores, experientes e devotados, que enfrentaram muitas crises, ainda têm problemas para lidar com algo como isso”, atesta Toner. “E não é por não serem bons, inteligentes ou dedicados, é porque não temos os sistemas que precisamos para ativar o tipo de resposta que gostaríamos de ter”, conclui o cientista.

O principal problema são as deficiências dos sistemas de saúde a nível mundial. “Não temos capacidade para produzir vacinas contra um patogênico novo em uma margem de meses, e não de décadas, e não temos as capacidades sanitárias públicas globais que nos permitiriam identificar e controlar rapidamente um surto antes que se tornasse pandêmico”, explica Toner ao Business Insider.

O Clade X seria fabricado em laboratório, em uma potencial situação de terrorismo biológico, em que seria espalhado por algum grupo ou movimento de forma deliberada. O projeto mantém o secretismo quanto à forma como o vírus seria criado ou disseminado por esse pretenso grupo terrorista.

Não queremos fornecer a receita de como criá-lo”, justifica Toner.

Mas o cientista também admite que um vírus desse gênero se pode desenvolver naturalmente. O certo, em qualquer dos casos, é que nem os governos mundiais, nem os Sistemas de Saúde dos países desenvolvidos, estão preparados para lidar com esse tipo de pandemia.

Uma realidade que serve de aviso quando há também a certeza de que um cenário destes vai se concretizar. “Vai acontecer, não sei quando”, alerta Toner.

Ciberia // ZAP

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