Durante a era paleozoica, entre 200 a 540 milhões de anos atrás, o planeta Terra possuía somente um único e imenso continente – a Pangeia, rodeada por um único oceano, intitulado Pantalassa.
Depois de uma série de terremotos e atividades vulcânicas, esse continente começou a se quebrar, se separar e se mover, formando hoje os territórios que conhecemos – nos quais vivemos.
Acontece que as 12 principais placas tectônicas da Terra seguem se movendo, e seria por isso, por exemplo, que a distância entre o Brasil e a África aumenta, segundo estimativas, cerca de 2 centímetros por ano.
E também se cria que esse era o motivo pelo qual a cada ano o Oceano Atlântico aumenta enquanto o Pacífico diminui, mas um novo estudo abriu novas possibilidades de compreensão desse imenso e ancestral movimento em nosso planeta.
Dados obtidos por 39 sismógrafos posicionados no fundo do oceano apontam para um outro importante personagem nesse processo de “separação” entre as Américas, a Europa e a África: a Dorsal Mesoatlântica – uma imensa cordilheira localizada justamente em meio ao atlântico, no ponto equidistante que separa os continentes.
Trata-se de uma cadeia de montanhas que se estende da Islândia até o sul da África por 16 mil quilômetros com mais de 1.500 quilômetros de largura em alguns pontos que, quando surge acima da superfície, formam ilhas como os Açores e Tristão da Cunha.
O que o estudo revela, no entanto, é que em alguns pontos dessa cordilheira subaquática há pontos onde o material do interior da Terra aparece – e que atua como uma cunha ou um instrumento para calçar e separar essas rochas e, assim, ajudando a precipitar o movimento dos continentes.
O fenômeno se daria em rochas de mais de 600 quilômetros de profundidade, em ponto localizado entre o núcleo terrestre e a crosta, e a descoberta reverte a antiga teoria de que a Dorsal Mesoatlântica não teria participação relevante no movimento.
Os sismógrafos detectaram ao longo de um ano alguns movimentos no manto terrestre, que confirmaram o surgimento do material do interior da Terra. “Esses resultados lançam uma nova luz sobre nossa compreensão de como o interior da Terra está conectado às placas tectônicas”, afirmou Matthew Agius, principal autor do estudo e sismólogo da Università degli studi Roma Tre, na Itália.
Até então não havia uma explicação conclusiva sobre a continuidade da separação, normalmente apontada como fenômeno somente gravitacional. A descoberta pode impactar também estudos sobre diversos processos químicos e ainda trocas de calor no planeta. Ainda que apontem a importância da descoberta, especialistas sugerem que a novidade seja vista ainda com cautela, por se tratar de uma observação em porção pontual da Dorsal, sem deixar claro se o fenômeno ocorre ao longo da cordilheira.