Okinoshima, a ilha japonesa patrimônio da Unesco que não permite mulheres

As6022014 / Wikimedia

A sagrada ilha japonesa de Okinoshima (ao fundo)

A sagrada ilha de Okinoshima, no Japão, acaba de se converter em Patrimônio da Humanidade da Unesco sob forte polêmica, já que, entre as suas regras, está a proibição de acesso a mulheres.

Apenas 200 homens por ano podem visitar a ilha, que fica no sudoeste do Japão, e, antes disso, eles devem se banhar nus para se purificarem.

Os escolhidos não podem comer carne de animais de quatro patas durante sua estadia, nem levar com eles nada da ilha – sequer uma pequena pedra ou algum pedaço de planta – ou tampouco falar de Okinoshima uma vez que deixem o local.

Situada a 60 km da costa de Kyushu, Okinoshima é um dos três lugares sagrados pertencentes ao Grande Santuário de Munakata, e reúne mais de 80 mil oferendas realizadas aos Deuses xintoístas do mar.

A Unesco incluiu a pequena Okinoshima – de menos de um quilômetro quadrado – na sua exclusiva lista por ser “um exemplo excepcional da tradição de culto de uma ilha sagrada”.

O governo japonês se mostrou “muito satisfeito” pelo reconhecimento deste lugar “valioso e único em nível mundial” e o ministro das Relações Exteriores do Japão, Fumiov Kishida, disse que respeita “sinceramente todas as pessoas encarregadas de manter as tradições desta ilha sagrada”.

Entre estas tradições reconhecidas, no entanto, está a polêmica restrição de não permitir que as mulheres visitem este local sagrado.

Segundo explicou à Agência Efe Ryuzo Nakaya, encarregado do escritório de patrimônio mundial da província de Fukuoka, houve um debate sobre incluir entre o Patrimônio um lugar em que não é permitido o acesso a mulheres, mas a Unesco concluiu que já havia precedentes, como o Monte Athos, na Grécia, e a mesquita Haji Ali, na Índia, entre outros.

“É preciso detalhar, no entanto, que a ilha só aceita fazer convites a frades do Grande Santuário de Munakata”, cerca de 200 homens uma vez por ano, para a realização de um festival, por isso as restrições não se aplicam apenas às mulheres, indicou Nakaya.

O festival que acontece no dia 27 de maio serve como homenagem aos marujos que morreram perto dali durante uma batalha da guerra russo-japonesa (1904-1905).

Esta ilha é um dos últimos lugares no Japão em que não é permitido o acesso a mulheres. O icônico Monte Fuji e o Monte Koya, por exemplo, não podiam ser visitados por pessoas do sexo feminino até 1868 e 1872, respectivamente.

Por outro lado, e ainda que a presença na lista de Patrimônios da Humanidade normalmente se traduza em maior número de visitantes interessados no lugar, não há planos para abrir a ilha ao público e, muito menos, aos turistas.

Tanto é assim, que para preservar ainda mais a ilha, decidiu-se que o festival de maio, único momento em que se permite o acesso a 200 homens, deixará de ser celebrado após o reconhecimento de Okinoshima pela Unesco, segundo revelou Nakaya.

O segredo mais bem guardado de Fukuoka, província à qual pertence Okinoshima e cujos habitantes estavam trabalhando no projeto há quase uma década, conseguiu se transformar no Patrimônio da Humanidade de número 21 do país do sol nascente.

// EFE

COMPARTILHAR

DEIXE UM COMENTÁRIO:

Como é feito o café descafeinado? A bebida é realmente livre de cafeína?

O café é uma das bebidas mais populares do mundo, e seus altos níveis de cafeína estão entre os principais motivos. É um estimulante natural e muito popular que dá energia. No entanto, algumas pessoas preferem …

“Carros elétricos não são a solução para a transição energética”, diz pesquisador

Peter Norton, autor do livro “Autonorama”, questiona marketing das montadoras e a idealização da tecnologia. Em viagem ao Brasil para o lançamento de seu livro “Autonorama: uma história sobre carros inteligentes, ilusões tecnológicas e outras trapaças …

Método baseado em imagens de satélite se mostra eficaz no mapeamento de áreas agrícolas

Modelo criado no Inpe usa dados da missão Sentinel-2 – par de satélites lançado pela Agência Espacial Europeia para o monitoramento da vegetação, solos e áreas costeiras. Resultados da pesquisa podem subsidiar políticas agroambientais Usadas frequentemente …

Como o Brasil ajudou a criar o Estado de Israel

Ao presidir sessão da Assembleia Geral da ONU que culminou no acordo pela partilha da Palestina em dois Estados, Oswaldo Aranha precisou usar experiência política para aprovar resolução. O Brasil teve um importante papel no episódio …

O que são os 'círculos de fadas', formações em zonas áridas que ainda intrigam cientistas

Os membros da tribo himba, da Namíbia, contam há várias gerações que a forte respiração de um dragão deixou marcas sobre a terra. São marcas semicirculares, onde a vegetação nunca mais cresceu. Ficou apenas a terra …

Mosquitos modificados podem reduzir casos de dengue

Mosquitos infectados com a bactéria Wolbachia podem estar associados a uma queda de 97% nas infecções de dengue em três cidade do vale de Aburra, na Colômbia, segundo o resultado de um estudo realizado pelo …

Chile, passado e presente, ainda deve às vítimas de violações de direitos humanos

50 anos após a ditadura chilena, ainda há questões de direitos humanos pendentes. No último 11 de setembro, durante a véspera do 50° aniversário do golpe de estado contra o presidente socialista Salvador Allende, milhares de …

Astrônomos da NASA revelam caraterísticas curiosas de sistema de exoplanetas

Os dados da missão do telescópio espacial Kepler continuam desvendando mistérios espaciais, com sete exoplanetas de um sistema estelar tendo órbitas diferentes dos que giram em torno do Sol. Cientistas identificaram sete planetas, todos eles suportando …

Em tempos de guerra, como lidar com o luto coletivo

As dores das guerras e de tantas tragédias chegam pelas TV, pelas janelinhas dos celulares, pela conversa do grupo, pelos gritos ou pelo silêncio diante do que é difícil assimilar e traduzir. Complicado de falar …

Pesquisa do Google pode resolver problemas complexos de matemática

O Google anunciou uma série de novidades para melhorar o uso educativo da busca por estudantes e professores. A ferramenta de pesquisa agora tem recursos nativos para resolver problemas mais complexos de matemática e física, inclusive …