A mudança de protocolo no estado de Aceh segue a atenção dos meios de comunicação internacionais depois de dois homens terem sido submetidos a punição corporal por violar a proibição da Sharia contra a homossexualidade.
Dois meses depois de ter condenado a 83 chibatadas dois indonésios por serem homossexuais, o governador da província Aceh considera fazer com que os ataques sejam privados, para evitar a atenção negativa dos meios de comunicação e evitar impactos adversos em investimentos externos, conta o The Independent.
As mudanças propostas na província de Aceh provocaram agitação na Indonésia desde que os jornais locais deram conta de que o presidente Joko Widodo se encontrou com o recém-governador, Irwandi Yusuf, para discutir formas de melhorar a imagem internacional da província.
Em entrevista aos jornais locais, o vice-governador Nova Iriansyah disse que, devido à atenção internacional sobre os castigos públicos “vamos minimizar a cobertura da imprensa e realizá-la dentro das prisões. Agora está na frente da mesquita, logo após as preces de sexta-feira”. “O governo tem razão: temos de fazer alguma coisa”.
Em declarações, o gabinete do governador enfatizou a natureza provisória das discussões para acabar com as ações públicas, observando que a decisão exigia a aprovação de estudiosos muçulmanos e da legislatura de Aceh.
Mesmo que a província indonésia considere mover os flagelos públicos para ambientes fechados, um estado altamente conservador na vizinha Malásia, Kelantan, aprovou uma lei que permite que se tornasse o primeiro estado no país a realizar punições públicas. Atualmente, as chibatadas, na Malásia, são feitas de forma privada, muitas vezes em estaleiros de prisão e longe de multidões.
Nos dias de hoje, em Aceh, grandes multidões se reúnem para assistir enquanto os condenados são agredidos publicamente, em um evento que se assemelha a um espetáculo medieval. Os críticos deste tipo de espetáculo disseram estar felizes em ouvir que a punição poderia ser eliminada.
“Isso significa que ninguém voltaria a ser humilhado publicamente”, disse Ratna Sari, chefe da Women’s Solidarity, Aceh, um grupo progressista. Ainda assim, Ratna disse que este era apenas um “pequeno passo em frente“, uma vez que as agressões serão conduzidas fora de vista.
Dois homens acusados de ter relações sexuais entre si foram condenados em maio a 83 chibatadas em público, o primeiro caso de pessoas a serem punidas por homossexualidade naquela província sob uma versão restrita da lei da Shariah.
As sentenças alarmaram os ativistas dos direitos humanos, que viram a punição como um desenvolvimento perigoso em Aceh, uma província semiautônoma na ponta norte da ilha de Sumatra.
Uma das províncias mais pobres da Indonésia, um legado da guerra civil de três décadas com Jacarta, recebeu comparativamente pouco investimento dos conglomerados da capital.
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