Diretor da entidade pede doação de US$ 4 bilhões para consórcio que distribuirá imunizantes a nações de renda baixa e média. Ele ainda fez apelo para que países combatam teorias da conspiração e ataques à ciência.
Em discurso para marcar um ano desde que os primeiros casos da covid-19 foram relatados pela China, o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, pediu nesta quarta-feira (30/12) que as vacinas sejam disponibilizadas a pessoas em situação de risco em todo o mundo, e não somente aos que moram nas nações ricas.
Tedros também fez um apelo aos países para que destinem 4 bilhões de dólares (21 bilhões de reais) ao consórcio liderado pela OMS que tem o objetivo de distribuir vacinas para países de renda baixa e média, o Covax Facility. O Brasil é um dos países que integra a coalizão.
“Esse é o desafio que precisamos enfrentar no Ano Novo”, disse Tedros, em uma mensagem de vídeo divulgada um dia antes da data que marca um ano de quando a China relatou à OMS os primeiros casos de uma pneumonia de origem então desconhecida, surgidos na cidade de Wuhan.
“Vacinas nos dão grande esperança para virarmos a maré da pandemia. Mas, para proteger o mundo, precisamos garantir que todas as pessoas em situação de risco, e não apenas aquelas em países que têm dinheiro para vacinas, sejam imunizadas”, disse.
Tedros também pediu que os países combatam teorias da conspiração e ataques à ciência. Dessa forma, segundo ele, o mundo poderá “atravessar unido os últimos momentos desta crise, ajudando uns aos outros durante o caminho, seja compartilhando vacinas de forma justa ou oferecendo recomendações precisas, compaixão e cuidado” aos que precisam.
2 bilhões de doses
A aliança Covax Facility informou em 18 de dezembro que já firmou acordos para receber cerca de 2 bilhões de doses de diferentes produtores de vacinas já aprovadas em alguns países ou ainda em desenvolvimento, e que as primeiras entregas devem ocorrer no início de 2021.
Uma das vacinas cuja distribuição via Covax já foi acertada é a desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, que recebeu nesta quarta-feira o registro de uso pelo Reino Unido, primeiro país a autorizar que esse imunizante seja aplicado em sua população.
O atual acordo entre a Covax e a Oxford/AstraZeneca prevê a disponibilização de 170 milhões de doses do imunizante. Há também memorandos para adquirir doses das vacinas em desenvolvimento pela Janssen, pela Novavax e pela Sanofi/GSK, que ainda não estão prontas para uso.
“Com um programa de vacinação global efetivo, o cenário mais provável é que o vírus se torne um vírus endêmico, que seguirá de certa forma sendo uma ameaça, mas de baixa intensidade”, disse na segunda-feira (28/12) Mike Ryan, diretor de emergências da OMS.
Uma missão de especialistas internacionais liderados pela OMS deve visitar a China no início de janeiro para investigar a origem da covid-19. Mais de 81 milhões de pessoas em todo o mundo já se infectaram com o vírus, e mais de 1,7 milhão já morreram.