Quem denunciou os abusos sexuais e assédio sofrido nos escritórios de todo o mundo da ONU foram ignorados e os criminosos ficaram impunes.
O The Guardian revelou nesta quinta-feira (18) que, nos escritórios de todo o mundo da ONU, há inúmeros casos de assédio e abuso sexual que foram mantidos em segredo pela organização.
O jornal diz que a Organização das Nações Unidas permitiu que os que fizeram as denúncias fossem ignorados e os criminosos ficassem impunes. Um dos acusados é um alto funcionário que continua em funções.
Atuais e antigos funcionários das Nações Unidas descrevem o ambiente como uma “cultura de silêncio” que se vive em toda a organização e um método muito deficiente de apresentar queixa por agressões que funcionou contra as vítimas.
Dos funcionários entrevistados, 15 disseram ter sido alvo ou denunciaram assédio sexual ou abusos nos últimos cinco anos. O jornal informa que sete das mulheres apresentaram queixa, relatando o que tinha acontecido, mas isso é raro, pois as vítimas têm medo perder os empregos ou acreditam que não serve para nada.
“Se denunciarmos, nossa carreira praticamente acaba, sobretudo se formos consultores”, disse uma consultora que denunciou ter sido assediada pelo seu supervisor quando trabalhava para o Programa Alimentar Mundial.
Questionada pelo Guardian, a organização admitiu que a falta de denúncias é preocupante, mas acrescentou que o secretário-geral, o português António Guterres, já deu “prioridade à resposta ao assédio sexual e implementou uma política de tolerância zero”.
As fontes do Guardian foram ouvidas sob anonimato em mais de dez países. Três mulheres que apresentaram queixas em escritórios diferentes disseram que desde então foram obrigadas a abandonar os empregos ou ameaçadas com a não renovação dos seus contratos.
Ciberia // ZAP