Os cientistas têm suspeitado por muito tempo que as interações planetárias tendem a mudar vagarosamente a órbita do nosso planeta. Agora, os astrônomos descobriram provas irrefutáveis em rochas antigas, que mostram que o ciclo existe há centenas de milhões de anos.
A órbita terrestre mudou de forma, de praticamente circular para uma forma 5% elíptica.
Esse processo se deve à interação gravitacional entre o nosso planeta, Vênus e Júpiter. Agora, os astrônomos desenterraram pedras antigas que mostram a existência deste ciclo já no período tardio do Triássico, há 215 milhões de anos.
As descobertas podem ter um grande impacto na forma como modelamos o clima passado da Terra, particularmente nas temperaturas globais, que não são fáceis de explicar. Até é possível que os efeitos deste ciclo tenham desempenhado algum papel na evolução dos primeiros dinossauros.
“Há outro, mais curto, ciclo de órbita, mas quando olhamos para o passado, é muito difícil saber de qual estamos falando, isto porque os ciclos de órbita mudam ao longo do tempo”, explicou Dennis Kent, autor principal do estudo e especialista em paleomagnetismo na Universidade de Columbia, em Nova York. “A beleza deste ciclo é que se mantém sozinho e não muda.”
Os ciclos que a Terra experimenta são conhecidos como ciclos de Milankovitch, depois de o matemático sérvio tê-los descoberto em 1920. Há um ciclo de 100 mil anos que afeta a excentricidade da órbita do planeta, semelhante ao de 450 mil anos.
Há também um ciclo de 41 mil anos, no qual a inclinação do nosso planeta muda em relação ao plano da órbita. Por fim, há um ciclo de 21 mil anos porque o eixo do nosso planeta oscila e não aponta sempre na mesma direção.
Esses ciclos afetam o clima porque mudam a quantidade de energia que o Hemisfério Norte – onde a maioria da massa do planeta está localizada – recebe do Sol, o que pode criar grandes mudanças no clima global.
Atualmente, a órbita terrestre está na fração praticamente circular do ciclo de 405 mil anos, na qual o clima tende a ser mais quente. No entanto, esta não é, de maneira nenhuma, a causa do aquecimento global.
“Todo o dióxido de carbono que liberamos no ar é obviamente a grande causa. Isso tem um efeito mensurável. O ciclo planetário é um pouco mais sutil. Está muito abaixo na lista de coisas que podem afetar o clima em escalas de tempo que são importantes para nós”, afirmou Kent.
As descobertas dos astrônomos foram publicadas esta semana nos Proceedings of the National Academy of Sciences.
Ciberia // ZAP