Origem de padrões misteriosos na Lua é finalmente descoberta

LRO WAC / NASA / Wikimedia

Reiner Gamma, o mais famoso redemoinho lunar

Uma equipe de cientistas acredita ter descoberto o motivo que originou os misteriosos redemoinhos na superfície da Lua: tubos de lava subterrânea.

Se observar a Lua através de um telescópio, é bastante provável que consiga ver misteriosos padrões na superfície, geralmente chamados de redemoinhos lunares. A origem destes padrões foi sempre um grande mistério, também porque estão associados a poderosos campos magnéticos.

Agora, de acordo com o Science Alert, os cientistas pensam ter resolvido parte do quebra-cabeças: os padrões na superfície lunar foram causados por tubos de lava subterrânea.

Estes redemoinhos e seu estranho magnetismo são conhecidos há décadas. As missões Apollo 15 e 16 ajudaram a mapear fontes de magnetismo na Lua – que não tem um campo magnético global –, que foram ligadas aos redemoinhos em um artigo publicado em 1979.

Em altitudes mais elevadas, os redemoinhos são menos pronunciados e intrincados do que os de menor altitude e, embora todo o redemoinho possua um campo magnético, existem campos magnéticos na Lua que não possuem redemoinhos.

Além disso, embora os redemoinhos não sejam novos, têm as características espectrais de novas formações, isto é, são menos resistentes do que o rególito circundante (material geológico solto e fragmentado que cobre a rocha sólida recente).

Os mecanismos em questão são desconhecidos, mas uma possibilidade é que os campos magnéticos em volta dos redemoinhos desviem as partículas sopradas pelo vento solar, fazendo com que resistam mais lentamente.

“A causa destes campos magnéticos, e dos próprios redemoinhos, há muito tempo que permanece um mistério. Para resolvê-lo, tivemos que descobrir que tipo de característica geológica poderia produzi-los – e por que seu magnetismo é tão poderoso”, explica a cientista planetária Sonia Tikoo, da Universidade Rutgers, em New Brunswick, nos EUA.

Através de modelagem computacional, a equipe descobriu que cada redemoinho tem de estar próximo ou acima de um objeto magnético estreito, não distante da superfície lunar. É neste aspecto que os tubos de lava, ou diques de lava verticais, que são resultado de uma atividade vulcânica lunar com muito tempo, se encaixam bem nessa descrição.

Estas formações são o resultado de fluxos de lava de basalto, que também deixaram planícies grandes e escuras de basalto por toda a superfície lunar entre 3 e 4 bilhões de anos.

E isso poderia explicar como estas formações subterrâneas se tornaram magnetizadas, porque algo acontece quando a rocha lunar é aquecida a temperaturas por volta dos 875 Kelvin (600 graus Celsius) na presença de um campo magnético, em um ambiente anóxico, isto é, sem oxigênio.

Como explica o Science Alert, torna-se altamente magnetizado porque o calor faz com que alguns minerais se quebrem, liberando ferro. Na presença de um campo magnético suficientemente forte, esse ferro é magnetizado na mesma direção do campo.

Este é um fenômeno que não acontece no planeta Terra por causa do oxigênio (e também não iria acontecer na Lua, mesmo se houvesse fluxos de lava, porque perdeu seu campo magnético há muito tempo).

No entanto, de acordo com um estudo de Tikko e da sua equipe publicada no ano passado, o campo magnético da Lua durou muito mais tempo do que se pensava: até 2 bilhões de anos a mais. Por isso, sua presença coincidiu com os fluxos de lava.

“Ninguém pensou nessa reação como uma forma de explicar essas características magnéticas extraordinariamente fortes na Lua. Esta foi a peça final no quebra-cabeças da compreensão do magnetismo que está por trás desses redemoinhos lunares”, diz a cientista, cujo artigo foi publicado em junho no Journal of Geophysical Research.

Ciberia // ZAP

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