O campo magnético da Lua durou mais tempo do que se pensava, o que pode ter implicações para a vida e a possível habitabilidade de outras luas ou planetas, conclui um estudo divulgado nesta quarta-feira (9).
Segundo o estudo, divulgado na Science Advances, o campo magnético lunar durou mais 1 bilhão a 2,5 bilhões de anos do que se julgava. Atualmente, a Lua, ao contrário da Terra, não tem campo magnético, um ‘escudo’ contra a radiação solar.
Pesquisadores da Universidade de Rutgers e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos, chegaram ao intervalo temporal ao aquecerem uma rocha lunar recolhida pela missão espacial Apollo 15, em 1971.
Com este procedimento, conseguiram recuperar com precisão a intensidade do campo magnético lunar. Planetas e luas geram no seu núcleo campos magnéticos e as rochas destes corpos celestes podem ficar com o registro dos campos magnéticos aos quais foram expostos.
O campo magnético da Terra protege o planeta de radiação ionizante e do vento solar. Sem este ‘escudo’, a Terra teria mais radiação e a vida, tal como se conhece, seria eventualmente diferente ou simplesmente não existiria.
“Quem sabe como a vida responderia a um ambiente tão instável como este, a Terra seria um sítio mais inóspito para se sobreviver”, assinala a autora principal do estudo, Sonia Tikoo, da Universidade de Rutgers.
A pesquisadora reanalisou a pequena rocha lunar, que teria se formado na sequência de um impacto de um meteoro na superfície da Lua, com um magnetômetro (instrumento para medir a intensidade, direção e sentido de campos magnéticos).
Primeiro, desmagnetizou lentamente a rocha para chegar à sua magnetização original, aquecendo-a a 780ºC em uma câmara com atmosfera controlada, para evitar que o calor alterasse as propriedades da rocha.
A equipe científica pensa que o campo magnético da Lua diminuiu cerca de 90% em relação ao seu ponto mais alto – há 3,56 bilhões de anos, nesta altura o campo magnético lunar tinha quase a mesma força que o da Terra atualmente.
A rocha lunar examinada, que teria entre 1 bilhão e 2,5 bilhões de anos, possuía uma intensidade magnética dez vezes inferior à de há 3,56 bilhões de anos.
“Quando o campo magnético de um planeta morre, como sucedeu com Marte há quatro bilhões de anos, partículas ionizantes da sua estrela podem levar à perda de água, elemento fundamental para a vida, durante centenas de milhões de anos”, adiantou Sonia Tikoo.
“Sempre que olhamos para exoplanetas e para as luas de exoplanetas que podem estar na zona habitável – a região ao redor de uma estrela onde o nível de radiação permitiria haver água líquida na superfície de um planeta –, podemos considerar o campo magnético como uma importante peça na habitabilidade“, defendeu a cientista.
// ZAP