Barein, Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Iêmen anunciaram, esta segunda-feira, que irão romper relações diplomáticas e o corte de ligações aéreas e marítimas com o Catar, acusando o país de ingerência e de apoiar o terrorismo.
A Arábia Saudita afirmou querer “proteger sua segurança nacional dos perigos do terrorismo e do extremismo”, enquanto os Emirados Árabes Unidos acusam o Catar de perturbar a estabilidade na região.
O Barein sustentou sua decisão acusando Doha de “minar a segurança e estabilidade” do país e de “interferir nos seus assuntos” internos. Deste país veio a ordem para que diplomatas e cidadãos do Catar abandonem o país em 48 horas.
O Egito anunciou o rompimento de relações, acusando o Catar de apoiar organizações terroristas como, por exemplo, a Irmandade Muçulmana.
Por fim, o governo do Iêmen também anunciou o corte de relações com o Catar, membro da coligação militar árabe que opera no país, acusando Doha de ligações com os grupos houthis pró-iranianos e de apoio a grupos jihadistas.
Através de um comunicado, o governo do presidente Abd Rabbo Mansour Hadi, segue o alinhamento da coligação árabe e excluiu o Catar da aliança militar e anunciando o corte de ligações diplomáticas com Doha.
Para o governo de Sana, o Catar apoia os grupos armados houthis e “outros grupos extremistas” como a Al Qaeda e o Estado Islâmico.
O Catar vai acolher o Mundial de Futebol de 2022, decisão marcada por diversas polêmicas relacionadas com suspeitas de corrupção na atribuição da organização ao país.
Tráfego aéreo condicionado
A transportadora Emirates e a de baixo custo FlyDubai vão cancelar voos com destino e origem no Catar a partir de terça-feira (6) e “até nova ordem”, de acordo com comunicados emitidos pelas duas companhias. A decisão das transportadoras surgiu depois da Etihad, com sede em Abu Dhabi, ter cancelado voos para Doha.
As três companhias acrescentaram que vão garantir voos previstos para hoje e propor aos clientes “outras opções”, incluindo o reembolso total do bilhete de avião.
A Saudia, transportadora nacional da Arábia Saudita, anunciou também a suspensão, a partir de hoje, de todos os voos com destino e origem no Catar. Em resposta, a Qatar Airways suspendeu todos os voos para a Arábia Saudita.
O encerramento pelo reino saudita, Emirados e Barein do espaço aéreo com o Catar deverá afetar o tráfego aéreo no país, através do qual transitam diariamente numerosos passageiros oriundos ou com destino aos três vizinhos do Catar.
“Totalmente inaceitável”
O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Catar já afirmou “não haver justificação legítima” para o rompimento de relações diplomáticas anunciado por estes países.
As medidas são “injustificadas” e “sem fundamento”, reagiu o ministério, considerando que têm um “objetivo claro: colocar o Estado [do Catar] sob tutela, o que constitui uma violação da sua soberania” e é “totalmente inaceitável”.
No mês passado, vários destes países já tinham bloqueado o acesso a diferentes meios de comunicação do Catar, depois de a QNA, a agência estatal de notícias do país, ter transmitido citações do líder Tamim bin Hamad Al Thani dizendo que não era “sábio agir com hostilidade contra o Irã”.
A situação foi posteriormente desmentida pelo Catar, que se defendeu dizendo que a agência tinha sido alvo de um ataque informático.
Estes acontecimentos acontecem dias depois de uma visita do presidente dos EUA, Donald Trump, a Riade, capital da Arábia Saudita, onde pediu aos países muçulmanos para “trabalharem para isolar o Irã e [privá-lo] dos fundos que financiam o terrorismo”.
Preço do petróleo em alta, bolsas em baixa
O preço do petróleo subiu nesta segunda-feira após a notícia sobre o corte de relações diplomáticas de diversos países do Golfo com o Catar. O petróleo chegou a subir mais de 1,5%, mas já atenuou os ganhos.
Entretanto, a Bolsa do Catar registrou hoje sua maior queda desde 2009, com várias cotações a afundar o máximo permitido de 10%.
As bolsas Europeias seguem hoje negociando em baixa, em um dia de menor liquidez e em que as praças de Frankfurt e Zurique estão fechadas com os investidores atentos ao agravar da situação geopolítica e aos preços do petróleo.
// ZAP