A pandemia de Covid-19 vai acabar “quando o mundo decidir acabar com ela”, disse neste domingo (24) o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus. O representante da ONU discursou na abertura da Cúpula Mundial da Saúde, em Berlim, e justificou sua afirmação assinalando que “todas as ferramentas de que precisamos” para acabar com e epidemia “estão nas nossas mãos”.
A Cúpula Mundial da Saúde tornou-se um dos principais fóruns estratégicos de busca de soluções para os desafios globais da saúde. Até a próxima terça-feira (26), a conferência reúne na capital da Alemanha a nata científica internacional, políticos, empresários e representantes da sociedade civil de cerca de 100 países.
Eles vão debater o acesso às vacinas contra a Covid-19 como um bem público, o reforço do papel da União Europeia na crise sanitária e as consequências da pandemia na saúde mental, entre outros temas.
O diretor-geral da OMS renovou seus apelos para uma distribuição mais equitativa de vacinas. Ele lamentou que até agora “o mundo não tenha usado as ferramentas disponíveis com sabedoria”. Com quase 50 mil mortes por semana causadas pela Covid-19 no mundo, “a pandemia está longe de acabar”, advertiu Ghebreyesus.
A OMS estabeleceu duas metas: ter 40% da população de cada país vacinada até o final do ano e 70% até meados de 2022. Porém, a OMS regularmente deplora o acúmulo de imunizantes nos países ricos. “A meta é alcançável, mas apenas se os países e empresas que controlam o fornecimento traduzirem suas declarações em ações”, disse Ghebreyesus em Berlim.
“Os países que já atingiram a meta de 40%, incluindo todos os países do G20, devem ceder o seu lugar nas entregas e direcionar as vacinas para o sistema internacional Covax e ao Fundo Africano para Aquisição de Vacinas (Avat), criado pela União Africana, defendeu Ghebreyesus. Quanto aos fabricantes de vacinas, eles “devem compartilhar know-how, tecnologia e licenças, bem como renunciar aos direitos de propriedade intelectual”, declarou o diretor-geral da OMS.
Numa mensagem de vídeo gravada, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, estimou que “o triunfo das vacinas – desenvolvidas e colocadas no mercado em tempo recorde – é anulado pela tragédia da distribuição desigual. “O nacionalismo e o acúmulo de vacinas nos colocam em risco”, lamentou Guterres.
// RFI