Na última segunda-feira, um soldado norte-coreano foi baleado seis vezes por seus ex-camaradas, quando tentou escapar através da Zona Desmilitarizada Coreana e desertar para a Coreia do Sul. Ao se recuperar de seus ferimentos em um hospital sul-coreano, os médicos descobriram que seus intestinos estavam cheios de parasitas grandes e incomuns.
Os exames feitos no ex-soldado proporcionam uma visão rara da nutrição, da saúde e da vida cotidiana dos norte-coreanos. “Na minha carreira de mais de 20 anos como cirurgião, eu só vi algo assim em livro didático”, disse Lee Cook-jong em entrevista coletiva na quarta-feira (15), informou a Reuters.
Um artigo na Korea Biomedical Review (KBR) explica que o soldado passou por duas rodadas de cirurgia no hospital da Universidade Ajou. As operações envolveram a remoção de uma bala alojada na parede abdominal e do “número enorme” de parasitas de seus intestinos, que tinham muitas lombrigas, sendo a mais longa com 27 centímetros.
“Estamos lutando com o tratamento, pois encontramos um grande número de parasitas no estômago do soldado, invadindo e comendo as áreas feridas. Nós também descobrimos um parasita nunca visto nos coreanos antes, que está piorando a situação e causando enormes complicações“, acrescentou Lee, de acordo com a KBR.
Segundo o IFLScience, a infecção maciça pode estar ligada aos baixos níveis de higiene no norte da península coreana. Provavelmente, os vermes foram contraídos ao comer vegetais fertilizados com fezes humanas, acreditam os médicos.
As sanções internacionais, as secas e a gestão interna desastrosa significam que a escassez de alimentos é um grande problema na Coreia do Norte. Até 70% da população vivem com ajuda alimentar provida pelo governo e têm uma dieta perigosamente variável. As deficiências de micronutrientes (particularmente em ferro, zinco, vitamina A e iodo) são comuns.
Na Coreia do Norte, os homens devem prestar serviço militar obrigatório por 10 anos e as mulheres por sete. Outros 4-5% dos 24 milhões de pessoas da Coreia do Norte servem no serviço militar ativo e outros 30% são atribuídos a uma unidade de reserva ou paramilitares, de acordo com a Secretaria de Defesa dos EUA.
Isso significa que o corpo do soldado representa o de muitos norte-coreanos e é potencialmente perspicaz para pesquisadores que esperam saber mais sobre a saúde do país em geral.
“Não sei o que está acontecendo na Coreia do Norte, mas encontrei muitos parasitas ao examinar outros desertores”, acrescentou o professor Seo Min.
“Em um caso, encontramos 30 tipos de lombrigas em uma desertora. O problema da infecção parasitária parece ser grave, mesmo que não represente toda a população da Coreia do Norte”, concluiu.
EM, Ciberia // IFLScience