Pela primeira vez, AVC mata mais mulheres do que homens

Maior participação no mercado de trabalho, mudança nos hábitos alimentares, falta de prevenção e questões culturais. São os fatores que explicam um dado alarmante: o número de mulheres que morreram vítimas de AVC superou o de homens.

Os dados mais recentes, relativos a 2015, foram divulgados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia no congresso da categoria. Foram 50.252 mulheres mortas, curiosamente uma morte a mais que entre vítimas do sexo masculino.

O mais grave é quando olhamos em perspectiva: entre 2010 e 2015, as mortes por AVC entre homens seguiram uma tendência de queda, o oposto do que aconteceu com as mulheres.

A cardiologista Amanda Guerra Sousa é diretora-geral do Instituto Dante Pazzanese e presidente do 72º Congresso Brasileiro de Cardiologia. Ela aponta que, quando o assunto é o coração, há entre os homens uma cultura maior de prevenção.

Além disso, Amanda diz que a maior inserção no mercado de trabalho e a chamada “dupla jornada” aumentou o estresse entre as mulheres e modificou os hábitos alimentares dela.

“As mulheres foram acostumadas a cuidar da prevenção oncológica (cânceres). E nós nos preocupamos muito com a prevenção cardiovascular dos homens. Ainda que elas tenham uma proteção hormonal até a quinta década, elas são altamente acometidas por esses problemas obstrutivos, e a prevenção é a chave do sucesso e chave do tratamento”.

“A mulher foi lançada ao mercado de trabalho em idades mais jovens, em responsabilidade de dupla jornada, no lar, em casa. As trabalhadoras lançam mão daquela rápida comida no meio do dia que faz mal para o homem e para a mulher”.

O infarto continua sendo a maior causa de mortes no Brasil, a exemplo do que acontece no mundo. Em 2015, foram quase 112 mil casos. A proporção de mulheres mortas por infarto aumenta em ritmo acelerado: há 50 anos, era de uma mulher para nove homens. Em 2015, foi de quatro mulheres para seis homens.

Internações por urgência

As internações cardiovasculares por urgência representam quase 82% de todas as internações por problemas do coração. Para o cardiologista Marcus Bolívar Malachias, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, o dado é grave porque mostra a falta de cuidados preventivos. Nas internações por urgência, as chances de morte são quatro vezes maiores do que nos procedimentos programados com antecedência.

“Metade desses infartos poderiam ser previnidos ou postergados. Principalmente com o controle dos fatores de risco: hipertensão, diabetes, colesterol, não fumar, ter alimentação um pouco saudável –sabemos que é impossível tê-la toda saudável”.

“No Brasil, só 20% dos hipertensos fazem o controle adequado, o mesmo acontece com quem tem diabetes ou colesterol elevado. Muitos sabem que têm as doenças e os fatores de risco, mas não se tratam. Os fatores de risco muitas vezes são inaparentes, são assintomáticos.”

Outro estudo apresentado no congresso aponta que dietas com alto teor de carboidratos estão diretamente associadas com o aumento da mortalidade. Ainda assim, os pesquisadores não recomendam dietas que restrinjam grupos de alimentos, mesmo os carboidratos, as chamadas “low carb”. A chave é sempre ter uma dieta equilibrada, evitando o consumo de produtos industrializados.

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