Pela primeira vez, os principais movimentos que organizaram grandes protestos pelo impeachment de Dilma Rousseff pedem a renúncia – e até a prisão – do presidente Michel Temer, após a eclosão da notícia de que o presidente teria dado aval para a compra do silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha.
Esses movimentos, fundados com base na luta contra a corrupção, vinham concentrando suas críticas em integrantes dos governos do PT.
Em certa medida, muitos poupavam Temer, que já tinha sido alvo de denúncias, porém menos graves, pelo papel desempenhado no impeachment de Dilma Rousseff e pelas reformas econômicas defendidas em seu mandato.
A adesão dos grupos à onda de reprovações vindas de movimentos ligados à esquerda ou ao PT pode significar mais um obstáculo à sobrevivência de Temer no Planalto, já que Vem Pra Rua e Movimento Brasil Livre têm forte aceitação entre setores que até hoje davam apoio ao peemedebista.
Além de milhões de seguidores nas redes sociais e bom diálogo com empresários, os grupos têm forte interlocução no Congresso – onde seus representantes são vistos frequentemente discutindo apoio ou oposição a medidas legislativas com parlamentares de diferentes partidos.
Prisão e renúncia
Com o mote “Prendam Todos! Temer, Dilma, Lula e Aécio”, o movimento Vem Pra Rua marcou uma série de protestos em grandes cidades do país para o próximo domingo.
O grupo, liderado pelo publicitário Rogério Chequer, divulgou o protesto na madrugada desta quinta-feira, pedindo “com urgência” que seus seguidores confirmem presença e convidem amigos. “Não temos muito tempo para divulgação.”
“Obstrução à Justiça é crime gravíssimo”, afirmam os organizadores do Vem Pra Rua, que sempre estiveram na linha de frente contra o PT e apoiavam medidas do atual governo.
Já o Movimento Brasil Livre (MBL), de Kim Kataguiri, publicou imagens pedindo a renúncia de Temer.
“No momento, não há nada que possam fazer para se livrar da Justiça ou da opinião pública, que irá massacrá-los pelos próximos meses”, publicaram os coordenadores do movimento nas redes sociais, em referência a Temer e ao presidente do PSDB, Aécio Neves – que também teria sido gravado pedindo R$ 2 milhões ao empresário da JBS.
// BBC